Por Marcello Sampaio / Em Cima do imbróglio
CAOS NA SAÚDE DE ARAUCÁRIA: TCE MANDA SUSPENDER CHAMAMENTO DE R$ 73 MILHÕES E EXPÕE AMADORISMO DA GESTÃO GUGU — ELEIÇÕES SUPLEMENTARES NO RADAR?
A administração do prefeito de Araucária, Luiz Gustavo Botogoski — o “Gugu” — está oficialmente na berlinda. Em decisão contundente assinada em 28 de abril pelo conselheiro Fernando Augusto Mello Guimarães, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) determinou a imediata suspensão do Chamamento Público nº 001/2025, que previa a contratação de uma Organização Social para gerir o Hospital Municipal de Araucária (HMA), ao custo estimado de R$ 73 milhões em um contrato de 12 meses.
A medida é um duro golpe para o governo municipal, que tem sido alvo de crescentes críticas por falta de planejamento, amadorismo e decisões administrativas questionáveis. Pior: a prefeitura ignorou o prazo dado para apresentar defesa, agravando a situação diante do TCE-PR.
O QUE ESTÁ EM JOGO
A decisão do Tribunal acata representação da Associação Instituto de Estudos e Pesquisas Humaniza, que apontou três graves irregularidades no edital:
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Exigência ilegal de declaração de qualificação pelo Conselho Municipal de Saúde, que não possui competência legal para atestar a atuação técnica de entidades privadas;
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Exigência restritiva de vínculo mínimo de 4 anos com o SUS, ferindo o princípio da ampla competitividade;
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Critérios de pontuação técnica subjetivos e desequilibrados, privilegiando tempo de existência da entidade e número de leitos já administrados, em detrimento de inovações e capacidade técnica efetiva.
FALHAS ADMINISTRATIVAS E SILÊNCIO CONSTRANGEDOR
O mais estarrecedor é que, mesmo intimado, o prefeito Gugu, a secretária de saúde Renata Knopik Botogoski (sua esposa), e os demais responsáveis ignoraram o prazo de resposta concedido pelo Tribunal. Esse silêncio institucional pode ser interpretado como descaso ou, pior, tentativa de encobrir fragilidades no processo de licitação pública.
A punição por omissão está prevista pelo próprio TCE, que já sinalizou possibilidade de responsabilização pessoal do prefeito, caso as irregularidades sejam confirmadas.
CONSEQUÊNCIAS IMINENTES
Com a suspensão do edital e qualquer contratação decorrente dele, a população — que já sofre com filas, falta de médicos e insumos — fica novamente à mercê da incompetência administrativa. A promessa de modernização da gestão hospitalar por meio de OS virou um pesadelo jurídico.
Além disso, o clima político ferve em Araucária. A possibilidade de impeachment do prefeito e da vice já é ventilada em bastidores políticos e nas redes sociais, impulsionada por movimentos populares que denunciam um governo sem rumo e mergulhado em suspeitas de favorecimento e má gestão.
Há até mesmo rumores de que eleições suplementares ainda em 2025 possam ser convocadas, caso o TCE e o Ministério Público confirmem dano ao erário ou má-fé administrativa. O cenário é de total instabilidade.
A PERGUNTA QUE FICA
Quem está se beneficiando com decisões tão direcionadas e restritivas dentro da Prefeitura Municipal de Araucária? A pergunta ecoa nos corredores da Câmara e do Ministério Público. A “caça às cagadas”, como apelidou ironicamente um servidor que pediu anonimato, começou — e o prefeito Gugu terá que provar se tem estrutura para resistir ao vendaval político-institucional que vem por aí.
Enquanto isso, a população amarga os efeitos do descaso — e começa a se mobilizar. A pressão nas ruas, nos protestos e nas redes sociais aumenta a cada dia. O governo Gugu, até aqui marcado por escândalos administrativos e promessas frustradas, terá que correr — e convencer — se quiser sobreviver.
Marcello Sampaio é jornalista investigativo e acompanha os bastidores políticos de Araucária há mais de uma década.
VEJA A DECISÃO NA INTEGRA: