Por Marcello Sampaio – Jornalista Investigativo
A função de um vereador exige preparo, responsabilidade e profundo conhecimento das atribuições do cargo. Infelizmente, o vereador Professor Valter Fernandes (Solidariedade) tem demonstrado reiteradas vezes o oposto: despreparo, falta de seriedade e uma preocupante insistência em propor projetos de lei sabidamente inconstitucionais.
Um equívoco atrás do outro
Apesar de ser professor e possuir formação superior, Valter coleciona erros básicos de compreensão sobre a separação dos poderes. O caso mais recente foi a tentativa absurda de apresentar um projeto de lei criando o cargo de secretário escolar na Prefeitura de Araucária.
A criação de cargos e a gestão da máquina pública são atribuições exclusivas do Executivo, competência que cabe ao prefeito. Ou seja, a proposta de Valter não apenas é ilegal, como expõe de forma clara seu despreparo para ocupar uma cadeira no Legislativo.
Populismo barato em vez de trabalho sério
Diante dessa situação, restam duas interpretações possíveis: ou o vereador finge desconhecer a lei para gerar repercussão e aparecer nas redes sociais, ou sua intenção é criar constrangimento político ao prefeito Gustavo Botogoski, mesmo sabendo que a proposta será vetada. Em ambos os cenários, quem perde é a população, que assiste ao dinheiro público ser desperdiçado em projetos fadados ao fracasso.
Assessores pagos pelo contribuinte são usados para redigir textos sem validade jurídica, servidores precisam tramitar propostas inviáveis e, em caso de veto derrubado, advogados do Município são obrigados a acionar o Judiciário para derrubar leis claramente inconstitucionais. Um ciclo de desperdício que poderia ser evitado com o mínimo de responsabilidade.
Professor sem exemplo
O mais preocupante é que Valter é professor. Se aplicasse uma prova e perguntasse a seus alunos se um vereador pode propor a criação de cargos no Executivo, e alguém respondesse “sim”, certamente daria nota zero. No entanto, no exercício da vida pública, o próprio vereador insiste em dar esse mau exemplo.
EDITORIAL
O caso do vereador Professor Valter Fernandes (Solidariedade) não é apenas um exemplo de despreparo, mas um verdadeiro retrato da incompetência que mancha a imagem da Câmara Municipal de Araucária. Um legislador que deveria zelar pelo interesse da população e dar exemplo de conhecimento e ética prefere se perder em projetos inconstitucionais, jogadas populistas e atitudes que revelam descompromisso com o cargo que ocupa.
É inadmissível que um parlamentar eleito pelo povo gaste tempo e dinheiro público com propostas ilegais, quando deveria estar fiscalizando o Executivo e apresentando soluções reais para os problemas da cidade. Sua conduta, que já seria grave pelo aspecto legislativo, ganha ainda mais peso diante das denúncias de fraude eleitoral envolvendo seu partido, o Solidariedade, que estão sob análise do TRE-PR.
Caso tais irregularidades sejam confirmadas, é questão de tempo até que Valter perca o mandato por cassação. Isso não apenas representará justiça, mas também servirá como um recado claro àqueles que tratam a política como palco de vaidades pessoais e não como missão de serviço público.
A população de Araucária merece respeito, seriedade e líderes à altura de sua confiança. O Legislativo não pode continuar sendo espaço para aventureiros políticos que confundem poder com espetáculo.
