Hospital fechado, corrupção exposta e povo abandonado. Justiça entra em cena contra uma gestão marcada por descaso e escândalos. Reportagem especial de Marcello Sampaio – Política em Pauta
O FIM DO TEATRO: TRIBUNAL DE CONTAS SUSPENDE EDITAL SUSPEITO E APONTA RISCO DE PREJUÍZO AO ERÁRIO
O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) determinou, nesta semana, a suspensão imediata do Chamamento Público nº 001/2025 da Prefeitura de Araucária, que previa a contratação de uma organização social para gerir o Hospital Municipal de Araucária (HMA), em um contrato de R$ 73.066.788,36, por 12 meses.
A decisão foi assinada pelo Conselheiro Fernando Augusto Mello Guimarães, com base em fortes indícios de irregularidades, omissão do prefeito Luiz Gustavo Botogoski (PSD) e de sua esposa e secretária de saúde, Renata Knopik Botogoski, além de riscos reais de prejuízo aos cofres públicos.
ENTRE OS PONTOS CRÍTICOS DO EDITAL APONTADOS PELO TCE:
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Exigência abusiva de declaração do Conselho Municipal de Saúde, sem respaldo legal;
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Exigência de comprovação de vínculo anterior com o SUS por 4 anos, o que restringiria a concorrência e poderia favorecer grupos específicos;
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Pontuação técnica subjetiva, desbalanceada e potencialmente manipulável.
“A ausência de manifestação pelos gestores, mesmo após intimação formal, levanta suspeitas sérias e evidencia falta de transparência”, aponta o despacho do Tribunal.
HOSPITAL MUNICIPAL ABANDONADO: HMA SEGUE FECHADO E CIDADE ENTRA EM COLAPSO
Enquanto a prefeitura protela decisões, a realidade nas ruas é devastadora. O Hospital Municipal está sem atendimento regular, centenas de profissionais da saúde não sabem se vão receber seus salários, e pacientes agonizam à espera de atendimento em unidades lotadas da região metropolitana.
“Minha filha teve febre alta e convulsão. Fui no HMA, tava fechado. Me mandaram pra Fazenda Rio Grande”, relatou Silvana Rodrigues, do bairro Tupi.
“A gente trabalha, paga imposto e é tratado como lixo. Só tem oba-oba e contrato milionário!”, desabafa Leandro Correia, da Vila Angélica.
ONDA DE REVOLTA: POPULAÇÃO TOMA AS RUAS EXIGINDO O IMPEACHMENT DO PREFEITO
Diante da crise sanitária, da má gestão e da avalanche de escândalos envolvendo compra de votos, favorecimento em contratos, uso da máquina pública para fins eleitorais e corrupção institucionalizada, a população começa a organizar protestos massivos exigindo o impeachment imediato de Luiz Gustavo Botogoski e de sua vice, Tatiana Assuiti.
“Essa prefeitura virou uma quadrilha! Chega de enganação. É impeachment ou cassação!”, grita Márcia Bueno, líder comunitária da região do Costeira.
“O povo está passando necessidade enquanto eles ficam no oba-oba com dinheiro da saúde!”, denuncia Sandro Nascimento, morador do Campina da Barra.
TCE: GESTÃO GUGU IGNOROU PRAZOS, ESCONDEU DOCUMENTOS E PODE RESPONDER POR IMPROBIDADE
O despacho do TCE-PR é categórico: o prefeito Luiz Gustavo Botogoski, sua esposa-secretária Renata Knopik e a Secretaria de Saúde não apresentaram defesa ou documentos exigidos, mesmo após intimação. Segundo a Corte, isso configura grave omissão e potencial dano ao erário, podendo resultar em responsabilização direta, bloqueio de bens e até afastamento cautelar do cargo.
“A gestão perdeu completamente o controle técnico, político e ético. Estamos lidando com uma estrutura podre até o osso”, afirma um conselheiro do TCE sob reserva.
OS CRITÉRIOS “MANIPULÁVEIS” DO EDITAL QUE CHOCARAM A CIDADE
O edital previa pontuações generosas a entidades com histórico de mais de 10 anos de fundação e experiência em hospitais com mais de 100 leitos e núcleo cadastrado no CNES — critérios que, segundo especialistas, eliminariam concorrência real e abriram margem para contratos dirigidos.
“O edital foi feito sob medida. É inaceitável que em 2025 ainda estejamos assistindo a esse tipo de maracutaia institucionalizada”, disse o advogado Tiago Murakami, especialista em Direito Administrativo.
O IMPÉRIO DOS BOTOGOSKIS COMEÇA A DESMORONAR
Além da crise na saúde, o prefeito enfrenta um processo na Justiça Eleitoral, que pode levar à cassação de sua chapa por abuso de poder econômico e compra de votos nas eleições de 2024. Há relatos de distribuição ilegal de cestas básicas, dinheiro e uso de perfis falsos em massa para atacar adversários e manipular o pleito.
“Isso não é administração. É uma quadrilha disfarçada de gestão”, diz Renato Félix, professor de sociologia da rede estadual.
O POVO NÃO VAI MAIS ESPERAR
Movimentos populares começam a se articular para protocolar pedido de impeachment na Câmara Municipal, enquanto organizações civis já falam em ação popular com pedido de afastamento cautelar da gestão.
As ruas gritam por justiça. E a pressão só aumenta.
ENQUANTO O CAOS EXPLODE, PREFEITO TIRA FOTINHO NA OAB: SOCORRO JURÍDICO OU DESESPERO POLÍTICO?
Enquanto a população sofre com falta de atendimento, hospital fechado, médicos sem salário e filas intermináveis nos postos de saúde, o prefeito Luiz Gustavo Botogoski parece viver numa realidade paralela. Nesta semana, foi flagrado em visita à sede da OAB de Araucária, tirando fotos ao lado de advogados, em uma cena que gerou indignação nas redes sociais.
“É pra pedir socorro jurídico ou mais um jeitinho de escapar das bombas que ele mesmo plantou?”, questiona Joana Leal, servidora da área da saúde.
Aparentemente, a assessoria jurídica da Prefeitura de Araucária não dá mais conta de apagar tanto incêndio, e o prefeito corre atrás de reforço jurídico enquanto tenta conter a insatisfação popular e evitar protestos iminentes nas ruas.
“Eles estão tentando manipular a narrativa, mas o povo já entendeu: isso não é mais falta de preparo, é projeto de poder baseado em desinformação, contratos suspeitos e abandono da população”, afirma Rafael Godoi, ativista e membro do Fórum Popular por Saúde Pública.
A pergunta que ecoa em cada bairro, UBS e grupo de WhatsApp da cidade é direta e dolorosa:
Até quando Araucária vai viver esse festival de despreparo, falta de vergonha e suspeitas de roubalheira?
Só não vê quem não quer enxergar.
Reportagem de Marcello Sampaio – Especialista em Política e Segurança Pública
Política em Pauta – Tribuna da Cidade