“Araucária sob tensão: Guarda Municipal atira contra civis desarmados e silêncio da prefeitura aumenta revolta popular”

Por Marcello Sampaio | Investigação Tribuna da Cidade

Duas cenas lamentáveis envolvendo a Guarda Municipal e os Agentes de Trânsito marcaram a semana em Araucária e trouxeram à tona uma crise de confiança sem precedentes entre a população e o poder público.

No episódio mais grave, registrado dentro de um condomínio residencial, um guarda municipal sacou sua arma e efetuou disparos contra moradores desarmados. As imagens foram amplamente divulgadas nas redes sociais, gerando uma onda de indignação, medo e desconfiança sobre o preparo e a atuação da força municipal.

A reportagem entrou em contato com o secretário municipal de Segurança Pública, Laércio Aguiar, que respondeu de forma lacônica:

“Boa tarde, estou em reunião na prefeitura e gostaria muito de poder responder às suas perguntas, porém, nesse momento não posso. Mas adianto que a SMSP, através da Comunicação da Prefeitura, está editando uma nota e eu te encaminho em seguida. Obrigado pela compreensão.”

A resposta, no entanto, causou ainda mais estranheza: quem agora fala pelos secretários e superintendentes da Prefeitura de Araucária são os jornalistas da Secretaria de Comunicação — o que para muitos tem o tom de censura institucional. A reportagem anterior da GVPCom News sobre o episódio envolvendo o superintendente do Departamento de Trânsito já havia demonstrado esse novo modelo de gestão: secretários silenciados, subjugados a uma Comunicação centralizada e politicamente controlada.

Populares classificaram o cenário como “lei da mordaça”.

“É revoltante. Agora, nem o secretário pode falar? Quem manda são assessores que não atendem imprensa e vivem postando foto em viagem?”, disse uma moradora indignada.

O povo abandonado e com medo da própria guarda

O episódio do disparo dentro do condomínio causou comoção. Populares relataram gritos, correria e crianças desesperadas.

“A Guarda chegou gritando, e de repente um deles puxou a arma e atirou. Ninguém estava armado aqui. A gente ficou apavorado”, relatou uma testemunha.

“Isso é um absurdo, é a população que paga o salário deles. Eles deveriam nos proteger, não ameaçar”, comentou um comerciante da região central.

“Eles agem com arrogância. Se fosse o contrário, se fosse um civil apontando uma arma para um guarda, já estaria preso”, disse um morador do bairro Iguaçu.

“A Guarda Municipal tem que ser parceira da comunidade, não motivo de medo”, completou uma mãe que presenciou a confusão de quarta-feira com os filhos pequenos.

O sentimento é unânime: a população está abandonada e com medo da própria Guarda Municipal, que deveria servir e proteger — mas agora, assusta e silencia.

Enquanto isso, Agentes de Trânsito discutem e multam caminhoneiros que trazem o sustento da cidade

Na mesma semana, outro episódio polêmico envolveu agentes de trânsito discutindo com caminhoneiros e causando transtornos em áreas comerciais, em ações vistas como desnecessárias e autoritárias.

“É só confusão, parece que os agentes estão ali para criar problema, não para ajudar. É multa, é grito, é abuso. E ninguém responde nada”, disse um empresário do bairro Estação.

Despreparo, impunidade e uma prefeitura que não fala

Essas ocorrências evidenciam o despreparo dos agentes, a ausência de protocolos, e a falta de transparência da Prefeitura. O mínimo que se esperava era uma manifestação rápida e clara da administração municipal — mas nem isso aconteceu.

A reportagem enviou uma série de perguntas ao secretário Laércio Aguiar:

  • O que motivou a ação da GM dentro do condomínio?
  • O guarda foi afastado?
  • Havia risco que justificasse disparos?
  • Por que os próprios secretários não têm mais autonomia para responder à imprensa?
  • A Guarda será investigada? A população terá resposta?

Nenhuma dessas perguntas foi oficialmente respondida até o momento desta publicação.

Comunicação silenciada e relações públicas por favor político

A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Araucária, que passou a concentrar as respostas oficiais de todos os órgãos, é hoje comandada por uma pessoa indicada por favores políticos. Segundo relatos internos e de profissionais da imprensa, a gestora da pasta não atende a imprensa local, não concede entrevistas, não responde e-mails e prefere “pousar para fotos em viagens de fim de semana” do que dialogar com a sociedade.

Enquanto isso, a cidade segue à deriva.

Quando o medo veste farda: até quando Araucária viverá sob o comando de ‘xerifes’?

De farda azul (Guarda Municipal) ou preta (Trânsito), o que se vê é abuso de autoridade, repressão injustificada e arrogância institucional.

A população pergunta: até quando Araucária será comandada pelo medo?

“O que estamos vivendo é uma cidade sem comando, sem prefeito de verdade. Os guardas mandam mais que os eleitos. Estamos cansados”, afirmou um servidor público.

Diante de tamanha crise, cabe aos órgãos de controle, como o Ministério Público e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), analisar se a permanência do prefeito Hissam Hussein Dehaini e de sua vice é legal e moralmente aceitável. Suas contas eleitorais sequer foram aprovadas. Ainda assim, o governo segue — e, com ele, o abandono da população.

Conclusão

Araucária vive uma crise de autoridade, de comunicação e de humanidade. A cidade precisa de liderança, não de armas. Precisa de transparência, não de mordaça. Precisa de paz, não de xerifes armados.

Marcello Sampaio
Jornalismo Investigativo – GVPCom News
Contato: (41) 3798-8651
Instagram: @marcello_sampaio_gvp

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