Por Marcello Sampaio – Coluna Polícia em Ação
Curitiba (PR), 24 de abril de 2025 – Em uma das maiores ofensivas já realizadas contra o tráfico de drogas na área central da capital paranaense, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) deflagrou na manhã desta quinta-feira (24) uma megaoperação em seis hotéis e pousadas suspeitos de servir como bases logísticas para a atuação do crime organizado. Com apoio da Polícia Militar (PMPR) e da Polícia Penal (PPPR), a ação resultou na prisão de nove pessoas e na apreensão de mais de seis quilos de diferentes tipos de drogas, além de armas, celulares, dinheiro e cadernos com anotações do tráfico.
Segundo os investigadores, a operação é fruto de meses de trabalho de inteligência que revelaram uma estrutura criminosa consolidada, que usava a fachada de hospedagens para armazenar, embalar, distribuir e vender entorpecentes no coração de Curitiba.
Linha do tempo da investigação
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Março de 2024: O caso teve início com o assassinato de um suposto integrante de facção criminosa, executado no centro da capital. A brutalidade do crime chamou atenção da PCPR.
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Outubro de 2024: Um homem foi preso em Campo Largo, na Região Metropolitana, suspeito de envolvimento no homicídio. Na ocasião, foram apreendidos 3,7 quilos de crack e um fuzil.
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Novembro de 2024: Mais dois investigados ligados à organização foram presos. Com eles, a polícia apreendeu dois fuzis, pistolas, 200 munições e porções de drogas.
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Abril de 2025: A operação culmina na atuação em seis hotéis centrais, com mandados de busca e apreensão simultâneos e cerco completo à rede de tráfico estabelecida.
Apreensões detalhadas
Durante a varredura feita por cerca de 150 policiais, foram recolhidas:
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2,9 kg de maconha
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1,8 kg de morruga (versão concentrada de maconha)
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713 g de haxixe
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331 g de skunk
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250 pedras de crack
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Porções de drogas sintéticas, como MDMA, LSD e ecstasy
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Balanças de precisão
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Dinheiro em espécie
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Cadernos com anotações de controle de vendas e dívidas de usuários
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Celulares com possível conteúdo probatório
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Embalagens tipo ziplock, utilizadas na preparação das drogas para o comércio
Quem são os detidos e por quais crimes responderão
Presos em flagrante por tráfico de drogas (Art. 33 – Lei 11.343/06):
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Paulo Henrique R. dos Santos, 28 anos
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Juliana L. F., 31 anos
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Everton M. da Costa, 25 anos
Preso por mandado de prisão em aberto por homicídio (Art. 121 do Código Penal):
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Carlos Alberto N. Silva, 33 anos
Autuados por porte de drogas para consumo pessoal (Art. 28 da Lei de Drogas):
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Rafael G. V., 21 anos
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Eliane C. B., 30 anos
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Vinícius P. M., 19 anos
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Tainá S. R., 23 anos
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Lucas M. D., 27 anos
Todos foram encaminhados à Central de Flagrantes. Os três presos por tráfico aguardam audiência de custódia. O caso segue sob investigação.
Autoridades reforçam ofensiva e prometem continuidade
Rodrigo Brown, delegado-chefe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) da PCPR, reforçou a continuidade da operação:
“A análise do material apreendido vai nos permitir identificar o elo com outros estabelecimentos e criminosos. Sabemos que a rede vai além desses seis hotéis. Os celulares e cadernos vão revelar mais.”
Hudson Leôncio Teixeira, secretário estadual de Segurança Pública:
“O centro de Curitiba não será território livre para o crime. Estamos intensificando ações integradas para impedir que hotéis e pensões sejam refúgios do tráfico e da violência.”
Capitão Mariana Assis, da PMPR, também destacou o reforço no policiamento ostensivo:
“A atuação da PM será permanente na região central. O patrulhamento foi ampliado e nossas equipes estão orientadas a abordar com rigor.”
Moradores e comerciantes relatam terror diário e esperam mudança
A operação foi celebrada pela população da área central. Muitos relataram viver em clima de medo havia meses.
Joana Ferreira, comerciante da Rua XV:
“Não era normal o entra e sai nesses hotéis. Gente drogada, barulho de madrugada, cheiro forte. Estamos aliviados.”
Robson Leite, gerente de farmácia na Travessa Tobias de Macedo:
“A criminalidade afasta os clientes e nos coloca em perigo. Vi duas brigas na calçada só no mês passado.”
Maria do Carmo, moradora da Rua Cruz Machado há 22 anos:
“A gente ouvia gritos e tiros. O pior era saber que ninguém fazia nada. Agora sentimos esperança de mudança.”
Carlos Menezes, dono de restaurante próximo à Praça Rui Barbosa:
“Os usuários ficavam nas portas dos comércios, pedindo dinheiro ou ameaçando. As pousadas viraram antro do crime.”
MP e Prefeitura também atuam
O Ministério Público do Paraná acompanha as investigações e estuda ações civis públicas para responsabilizar os donos dos estabelecimentos usados como pontos de tráfico.
A Prefeitura de Curitiba informou que as secretarias de Urbanismo e Saúde irão intensificar a fiscalização dos alvarás, condições sanitárias e estrutura dos hotéis da região. Estabelecimentos irregulares poderão ser interditados.
Denúncias seguem sendo incentivadas
A PCPR reforçou que a colaboração popular foi decisiva para o sucesso da operação. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone 181, sem necessidade de identificação.
“A população é nosso maior aliado”, reforçou o delegado Rodrigo Brown. “Quem vê, denuncia. E a gente age.”
Conclusão
A ação marca um ponto de virada no combate ao tráfico de drogas na área central de Curitiba. Com planejamento, integração e inteligência, as forças de segurança conseguiram desmontar parte de uma engrenagem criminosa que operava com audácia e impunidade em plena luz do dia. E, segundo as autoridades, esta foi apenas a primeira fase.
Coluna Polícia em Ação – Por Marcello Sampaio
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