Polícia Penal do Paraná investe na dignidade e reintegração social de custodiados
Casamentos coletivos, projetos de leitura e parcerias com universidades reforçam a aposta da PPPR na educação e no fortalecimento dos vínculos familiares como ferramentas para reduzir a reincidência e preparar para a liberdade.
A Polícia Penal do Paraná (PPPR) tem intensificado ações que vão muito além da custódia tradicional. Iniciativas que promovem a cidadania, a dignidade humana e a reintegração social estão sendo colocadas em prática em diversas regiões do estado, com resultados concretos no fortalecimento dos vínculos familiares e no preparo dos custodiados para uma vida longe da criminalidade.
Entre os destaques mais recentes, está a realização de um casamento coletivo na Cadeia Pública de Cornélio Procópio, no Norte do Estado, onde 24 custodiados oficializaram sua união com apoio da Vara Criminal local, da Defensoria Pública do Paraná, do Conselho da Comunidade e da Prefeitura Municipal, por meio do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social).
A cerimônia, além do valor simbólico e emocional, tem profundo impacto na vida dos detentos, como destacou o policial penal e coordenador em exercício da PPPR em Londrina, Cristiano Ivano. Segundo ele, a ação representa o reconhecimento de que, mesmo privados temporariamente de sua liberdade, esses homens continuam sendo sujeitos de direitos.
“Sabemos que o fortalecimento dos vínculos afetivos é um dos pilares para reduzir a reincidência criminal e dar sentido ao processo de reintegração social. Este é o nosso compromisso enquanto gestão regional da Polícia Penal: apoiar iniciativas que promovam a dignidade, a inclusão e o respeito à cidadania das pessoas privadas de liberdade”, afirmou Ivano.
A juíza Danielle Marie de Farias Serigati Varasquim, da comarca de Cornélio Procópio, também destacou o efeito social do evento:
“O casamento pode ser visto como um meio de restaurar a dignidade humana. Permitir que essas pessoas celebrem uma união matrimonial é reconhecer que, apesar das circunstâncias, elas ainda têm direito a experiências fundamentais à condição humana.”
Educação como ferramenta de transformação
Outro exemplo da política adotada pela Polícia Penal está em Laranjeiras do Sul, onde o projeto “Leitura e Produção Textual: Nova Vida com Remição” vem oferecendo aos custodiados a oportunidade de remir pena através da leitura e da produção de resenhas literárias. A iniciativa é fruto de uma parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e segue as diretrizes da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A cada livro lido e resenhado, com avaliação mínima exigida, o custodiado pode reduzir sua pena em até quatro dias. No mês de julho, o projeto registrou 116 entregas de resenhas entre 158 participantes. Além da remição, o projeto desenvolve habilidades linguísticas, amplia o vocabulário e prepara os internos para exames como o Encceja e o Enem.
O coordenador da Regional Administrativa da PPPR em Guarapuava, Marlon Rafael Picioni, acredita que a iniciativa é um exemplo de como a educação pode mudar trajetórias:
“Com empenho e união de esforços, é possível construir caminhos efetivos de reinserção social. Projetos como esse refletem o compromisso da Polícia Penal com a dignidade humana e com a segurança pública baseada na reintegração social”, reforçou.
Uma política humanizada e integrada
As ações fazem parte de um programa mais amplo da PPPR, que aposta na humanização do cumprimento da pena e na construção de novas perspectivas para pessoas privadas de liberdade. O modelo paranaense conta com o apoio de universidades, conselhos da comunidade, instituições sociais, Judiciário e sociedade civil organizada.
A meta é clara: reduzir a reincidência criminal, fortalecer os vínculos afetivos e garantir que os custodiados estejam melhor preparados para a vida em liberdade — com acesso à educação, cidadania e dignidade.