Por Marcello Sampaio – Direto da Redação | Jornal e Portal Tribuna da Cidade
A Polícia Federal concluiu nesta sexta-feira (11) a contagem do dinheiro apreendido na Operação Cópia e Cola, que investiga o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), e aliados por suspeitas de desvio de recursos públicos da área da saúde. Ao todo, os agentes apreenderam R$ 1.760.157,00 em espécie em endereços ligados aos investigados, distribuídos entre cinco cidades paulistas.
O valor mais expressivo — R$ 863.854,00 — foi encontrado em caixas de papelão dentro de um carro na cidade de São Paulo. O veículo está registrado em nome de um pastor evangélico que, segundo as investigações, atua como operador financeiro do suposto esquema de corrupção.
Outro montante significativo — R$ 646.350,00 — foi localizado em Araçoiaba da Serra, em um imóvel também vinculado a pessoas ligadas ao prefeito. As outras quantias foram localizadas em Itu (R$ 89.050,00), Sorocaba (R$ 36.781,00) e Santos (R$ 123.800,00).
Os Sob Suspeita
No centro do escândalo estão organizações sociais (OSs) contratadas pela Prefeitura de Sorocaba para gerir unidades de saúde. De acordo com a PF, há indícios de fraudes nos contratos, que teriam sido usados para desviar recursos públicos. A investigação aponta que as empresas recebiam valores superfaturados e, posteriormente, repassavam parte dos recursos a operadores do esquema por meio de lavagem de dinheiro.
As suspeitas envolvem também pagamentos de boletos em dinheiro vivo, depósitos em espécie sem origem comprovada e negociações imobiliárias usadas para ocultar a movimentação ilícita. Embora os nomes das OSs envolvidas ainda não tenham sido divulgados oficialmente pela PF, fontes com acesso ao inquérito indicam que pelo menos duas entidades investigadas atuam simultaneamente em outras cidades do Estado de São Paulo.
Sequestro de Bens e Reações
A Justiça Federal autorizou o sequestro de bens e valores dos investigados até o limite de R$ 20 milhões. A medida visa garantir o ressarcimento aos cofres públicos em caso de condenação.
A defesa do prefeito Rodrigo Manga reagiu com veemência. Em nota assinada pelos advogados Daniel Leon Bialski, Bruno Garcia Borragine, André Mendonça Bialski, Flávia Maria Ebaid e Júlia Zonzini, os juristas afirmam que a operação constitui uma “pesca probatória ilegal” e classificam as buscas na residência do prefeito como “abusivas e desnecessárias”.
“Não existe qualquer elemento, mínimo que fosse, que pudesse relacionar o prefeito a atos ilícitos. A Polícia Federal tenta proceder à ilegal ‘pesca probatória’ para investigar a pessoa, o que é vedado por nossa legislação”, diz o comunicado.
Nota da Prefeitura e Contexto Político
A Prefeitura de Sorocaba também se manifestou, destacando que a operação da PF tem abrangência estadual, envolvendo 13 cidades, entre elas São Bernardo do Campo, Santo André e São Paulo. A administração municipal afirma estar colaborando integralmente com as autoridades e defende o papel do prefeito Manga como “voz do povo contra o sistema”.
“Vale destacar que a operação acontece em um momento de grande projeção da cidade e do nome do prefeito Rodrigo Manga no cenário nacional, inclusive pontuando com destaque em pesquisas para governador do Estado de São Paulo e presidente do Brasil”, diz a nota oficial.
A gestão também recorda que Manga tem travado embates públicos contra o aumento de impostos sobre alimentos, combustíveis e remédios, além de se posicionar contra a criação de novos pedágios no estado. Segundo o texto, a operação seria uma tentativa de retaliação política por parte de ‘forças ocultas’ incomodadas com a ascensão do prefeito.
Próximos Passos
O inquérito segue em andamento sob sigilo. A expectativa é que a PF realize novas oitivas e quebre sigilos bancários e fiscais dos envolvidos nas próximas semanas. Procurada, a assessoria da Superintendência Regional da PF em São Paulo informou que não comentará o caso enquanto a investigação estiver em curso.
Marcello Sampaio
Jornalista investigativo
Jornal e Portal Tribuna da Cidade
@marcello.sampaio
Localização dos valores apreendidos:
| Cidade | Valor Apreendido |
|---|---|
| São Paulo | R$ 863.854,00 |
| Araçoiaba | R$ 646.350,00 |
| Santos | R$ 123.800,00 |
| Itu | R$ 89.050,00 |
| Sorocaba | R$ 36.781,00 |
| Total | R$ 1.760.157,00 |
