“Não há espaço para impunidade”: Diretor-geral da PF rejeita anistia a golpistas do 8 de Janeiro e expõe plano de assassinato de autoridades


Por Marcello Sampaio – Jornal e Portal Tribuna da Cidade

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, fez duras declarações contra o projeto de anistia aos envolvidos nos Atos Golpistas de 8 de Janeiro, durante sua participação na 11ª edição da Brazil Conference, neste sábado, 12 de abril. O evento, realizado nos Estados Unidos, contou também com a presença do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Segundo Andrei, os crimes cometidos durante as invasões às sedes dos Três Poderes não podem ser minimizados, já que foram planejados com intenção clara de ruptura institucional e até assassinato de autoridades da República.

Havia um plano de assassinato do presidente da República, do vice-presidente e do presidente da Corte Eleitoral. Isso, por si só, deveria chocar e espantar todos”, afirmou, indignado, o chefe da PF.

Linha do tempo: dos atos golpistas aos olhos dá investigação policial

🔹 7 de janeiro de 2023

Milhares de pessoas acampadas em frente a quartéis do Exército, em Brasília, pedem “intervenção militar” contra o resultado das eleições presidenciais.

🔹 8 de janeiro de 2023 – O dia da invasão

Multidões organizadas invadem o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, destruindo instalações, mobiliário histórico, obras de arte e símbolos do Estado.
A Polícia Militar do Distrito Federal é amplamente criticada por falhas na contenção da invasão. Imagens mostram conivência e até registros de policiais filmando os ataques passivamente.

🔹 9 a 12 de janeiro de 2023 – Prisões em massa e acampamentos desmontados

A Polícia Federal, com apoio do Exército, desmonta os acampamentos golpistas. Mais de 1.500 pessoas são presas, sendo algumas liberadas em seguida com medidas cautelares.
Começam os primeiros interrogatórios e apreensões de dispositivos eletrônicos.

🔹 Janeiro a junho de 2023 – Avanço das investigações

A PF começa a identificar financiadores, organizadores e participantes diretos dos ataques. É confirmada a existência de grupos organizados, com comunicação por aplicativos e financiamento privado, alguns ligados a empresários bolsonaristas.

🔹 Agosto de 2023 – Primeiras denúncias formalizadas pela PGR

A Procuradoria-Geral da República oferece as primeiras denúncias formais ao Supremo Tribunal Federal, acusando os envolvidos de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e associação criminosa armada.

🔹 Outubro de 2023 – STF inicia os julgamentos

Começam os julgamentos dos réus presos. O ministro Alexandre de Moraes conduz audiências, com penas chegando a mais de 17 anos de prisão.

🔹 Janeiro de 2024 – Congresso apresenta proposta de anistia

Com a proximidade das eleições municipais, setores do Congresso sugerem um projeto de anistia aos envolvidos nos atos, argumentando que muitos apenas “foram levados pelo momento”.

🔹 Abril de 2024 – PF e PGR se posicionam contra anistia

Durante painel da Brazil Conference, o diretor da PF, Andrei Rodrigues, reitera sua oposição veemente ao projeto, revelando a gravidade dos planos articulados por grupos golpistas.

“Não se trata de vandalismo comum”, alerta Andrei Rodrigues

Rodrigues destacou que não se trata apenas da destruição de prédios públicos. “Estamos falando de planos de assassinato, ruptura da nossa democracia, depredação de patrimônio público e ataques às instituições. Isso teria consequências inimagináveis para o Brasil”, declarou.

Ao defender a responsabilização exemplar dos envolvidos, elogiou a atuação da Procuradoria-Geral da República e criticou a proposta de anistia em tramitação no Congresso.

Acho inaceitável não punir pessoas que cometeram crimes dessa envergadura. Isso quebra o princípio de paridade de armas no processo democrático e legaliza o caos.

Autonomia da PF e críticas ao passado

Andrei Rodrigues também falou sobre a autonomia da PF, rebatendo acusações de que teria ligações pessoais com o presidente Lula. “Minha relação com o presidente é institucional. O cargo é de confiança, sim, mas não há proximidade pessoal. Minha trajetória dentro da PF fala por si.”

O diretor também alfinetou práticas do passado, sem citar diretamente a Operação Lava Jato. “Hoje não há mais operações espetaculares. Vocês não verão presos algemados expostos na mídia, nem imprensa na porta de investigado. Recuperamos a institucionalidade da Polícia Federal”, concluiu.

Conclusão

A fala contundente de Andrei Rodrigues representa uma resposta institucional firme contra a impunidade. Enquanto o Congresso debate a possibilidade de anistia, a Polícia Federal e a PGR alertam para a gravidade sem precedentes dos crimes cometidos naquele 8 de janeiro de 2023, que não apenas feriram o patrimônio da República, mas colocaram em risco a própria democracia brasileira.

Reportagem especial de Marcello Sampaio
Jornalista investigativo – Jornal e Portal Tribuna da Cidade

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