Deputados estaduais do Paraná têm segundo menor salário do Brasil e rejeitam “penduricalhos”: “Respeitamos o dinheiro do povo”

Um levantamento revelador publicado nesta segunda-feira (12) escancarou a farra salarial nas Assembleias Legislativas do Brasil. Segundo os dados, 17 estados brasileiros desrespeitam abertamente o teto constitucional de R$ 34,7 mil para deputados estaduais, utilizando os chamados “penduricalhos” — auxílios e gratificações extras — para turbinarem salários que chegam a ultrapassar os R$ 99 mil por mês.

Enquanto isso, no Paraná, os 54 deputados da Assembleia Legislativa mantêm os vencimentos em R$ 33.448,48, abaixo do teto nacional e entre os mais baixos do país — apenas o Rio Grande do Sul tem remuneração menor, de R$ 33 mil.

Presidente da Assembleia, Alexandre Curi: “Aqui, respeitamos a Constituição e a população”

Em declaração contundente, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi (PSD), defendeu a postura dos parlamentares paranaenses e garantiu que não há espaço para abusos com dinheiro público.

“Os deputados estaduais do Paraná recebem, como subsídio, R$ 33.448,48. O valor está abaixo do teto constitucional. Respeitar o teto, e, por consequência, respeitar a Constituição, é obrigação de todos os 54 parlamentares que representam a população paranaense.”

Curi ainda foi além e prometeu austeridade ainda maior no uso do dinheiro público, citando os bilhões de reais economizados e devolvidos ao Executivo estadual nos últimos dois anos.

“Conseguimos, a cada ano, devolver cerca de um terço do nosso orçamento. Em dois anos, foram mais de R$ 800 milhões repassados ao Governo do Estado, que geraram programas como o Asfalto Novo e o Infância Feliz. Para 2025, nossa meta é economizar meio bilhão de reais”, cravou.

Deputados endossam discurso de austeridade e cobram exemplo nacional

Em conversa com a Tribuna da Cidade, alguns parlamentares reforçaram a defesa do modelo adotado no Paraná:

Deputada Ana Júlia (PT), da oposição, afirmou:

“Estamos longe de sermos perfeitos, mas é inaceitável que estados estejam pagando quase R$ 100 mil para um deputado. Isso é um escárnio com o povo brasileiro. Aqui no Paraná temos limites e respeito.”

Deputado Evandro Araújo (PSD), da base governista, comentou:

“Não há justificativa para auxílios absurdos. É preciso conter os abusos e mostrar que é possível legislar com seriedade e responsabilidade fiscal.”

População aprova postura dos deputados, mas exige mais transparência

Nas ruas de Curitiba, o tema gerou indignação com os estados que inflacionam salários públicos. A balconista Maria Rita, 47 anos, foi direta:

“Esses políticos que recebem quase R$ 100 mil por mês deviam ter vergonha. Aqui, pelo menos, é menos pior. Mas ainda é muito. Quem ganha salário mínimo nem sonha com um dinheiro desses.”

O técnico em informática João Carlos, 35, cobrou fiscalização:

“Tá certo economizar e devolver dinheiro pro governo, mas quero ver se todo mundo está realmente abrindo mão de penduricalho. Tem que mostrar na prática.”

Estados campeões da farra com dinheiro público

Veja quanto recebem, em média, os deputados nos 17 estados que superam o teto constitucional com auxílio-moradia, auxílio-saúde, gratificações e outros penduricalhos:

  • Rio Grande do Norte: R$ 99,7 mil

  • Rondônia: R$ 67,8 mil

  • Minas Gerais: R$ 66,6 mil

  • Maranhão: R$ 63,4 mil

  • Roraima: R$ 56,9 mil

  • Paraíba: R$ 55,5 mil

  • Amapá: R$ 54,3 mil

  • Goiás: R$ 53 mil

  • Tocantins: R$ 52,1 mil

  • Pernambuco: R$ 49,3 mil

  • Sergipe: R$ 47,6 mil

  • Amazonas: R$ 46,3 mil

  • Mato Grosso e Piauí: R$ 41,7 mil

  • Ceará: R$ 39,9 mil

  • Distrito Federal: R$ 39,4 mil

  • Espírito Santo: R$ 36,7 mil

Enquanto isso, o Paraná sustenta com firmeza um dos menores salários do país, sem penduricalhos milionários, e reforça sua imagem como exemplo de austeridade legislativa.

Marcello Sampaio
Editorial Política em Pauta – Tribuna da Cidade

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