Por Marcello Sampaio – Editorial Política em Pauta | Tribuna da Cidade
Pontal do Paraná vive um dos maiores escândalos políticos de sua história. O Ministério Público Eleitoral do Paraná (MPE) pediu a cassação do mandato do prefeito reeleito Rudisney Gimenes Filho, o Rudão Gimenes (MDB), da vice-prefeita Patrícia Millo Marcomini (PSD) e do vereador Ezequiel Tavares Alves (PSD). A acusação: promoção de churrasco com distribuição de canos de PVC em troca de votos nas eleições de 2024.

Linha do Tempo dos Fatos
Outubro de 2024: Durante a campanha eleitoral, é realizado um churrasco no Balneário Olho D’Água. Na ocasião, moradores receberam canos de PVC com pedidos explícitos de votos.
14 de maio de 2025: O MPE se manifesta favorável à procedência da Ação de Investigação Judicial Eleitoral, pedindo a cassação dos diplomas dos envolvidos e a inelegibilidade por oito anos.
16 de maio de 2025: A defesa dos acusados divulga nota afirmando que o evento foi uma “reunião política” para apresentação de propostas, negando irregularidades.

Acusações Reforçadas por Provas
De acordo com o MPE, vídeos e testemunhas comprovam que o evento eleitoral foi disfarçado de confraternização, com distribuição de material de campanha e promessas de benefícios diretos, o que fere frontalmente a legislação eleitoral. A promotora Carolina Dias Aidar classificou a prática como “compra escancarada de votos com bens públicos”.

Novos Escândalos: Propinas, Rachadinhas e Esquemas na Câmara
A situação da atual administração se agrava ainda mais com o surgimento de novos escândalos:
- Rachadinhas na Procuradoria: A procuradora do município, Dra. Virgínia, é acusada por ex-assessores de exigir a devolução de parte de seus salários. Um ex-servidor, sob sigilo, confirmou à reportagem: “Era isso ou rua. Todos sabiam. A ordem vinha de cima”.
- Propinas na Secretaria de Turismo: O ex-secretário e atual vereador Juvanete é investigado por favorecer empresas em licitações em troca de propina. Empresários denunciaram à Promotoria pagamentos mensais de até R$ 10 mil para garantir contratos turísticos.
- Corrupção no Legislativo: Investigações da Polícia Civil e do MPE revelam um esquema de desvio de verbas envolvendo diversos vereadores, incluindo Elinete Guimarães Rocha (MDB), atual presidente da Câmara, e os vereadores Ronaldo do Litoral, Marquinhos da Ilha, Paulo Cordeiro e Zeca das Águas.
- Vereador Nei da Pesca: Um dos casos mais revoltantes é o do vereador Nei da Pesca (PSD), que teria recebido propina para alterar pareceres sobre zoneamento costeiro que favoreciam empreendimentos ilegais. Um funcionário da própria Prefeitura afirmou: “Ele recebeu o dinheiro na frente de dois servidores. Depois, fingiu ser voto contrário em plenário”.

Revolta Popular e Denúncias Internas
A população está indignada. Protestos estão sendo organizados nas redes sociais e nas ruas do município. A hashtag #JustiçaEmPontal viralizou.
“Essa cidade virou negócio para políticos. Eles entram pobres e saem ricos. Nós é que ficamos sem esgoto, sem saúde, sem escola. Chega!”, disse Maria de Lourdes, moradora do Balneário Ipanema.
Um funcionário da Prefeitura, que pediu anonimato, denunciou ao Tribuna da Cidade: “Há contratos superfaturados em quase todas as secretarias. A fiscalização é comprada. Quem tenta denunciar é perseguido ou transferido”.

Possíveis Consequências
Se o pedido do MPE for acatado, os envolvidos terão os mandatos cassados e estarão inelegíveis por oito anos. A presidência da Câmara assumirá a administração até novas eleições.
O cenário é devastador para a já fragilizada credibilidade política de Pontal do Paraná.
A Tribuna da Cidade, em parceria com o jornalista investigativo Marcello Sampaio, continuará revelando os bastidores de uma gestão marcada por escândalos, favorecimentos pessoais e a falência moral da máquina pública municipal. O povo exige respostas, e a justiça não pode falhar.