Por Marcello Sampaio – Tribuna da Cidade | Editorial: Polícia em Ação
O caso do motorista de aplicativo sequestrado, brutalmente agredido e jogado da ponte sobre o Rio Iguaçu, entre Curitiba e Fazenda Rio Grande, segue causando indignação e revolta. O crime, ocorrido no último dia 3 de junho, expôs a crueldade de uma quadrilha que, mesmo após o assalto, tentou executar a vítima, abandonando-a para morrer no meio do rio.

O sequestro e a tentativa de execução
O motorista de aplicativo foi rendido por três homens armados que solicitaram uma corrida. Durante o trajeto, foi violentamente agredido, desmaiou após ser atingido com coronhadas e teve seus cartões bancários confiscados. Os criminosos exigiram as senhas, e ao perceberem que não poderiam movimentar as contas da vítima, decidiram levá-lo a um local ermo, amarrá-lo e jogá-lo da ponte.
“Os criminosos ainda efetuaram disparos contra ele. É evidente que a intenção era matá-lo”, afirmou a tenente Blanc da Polícia Militar.

O resgate que salvou uma vida
Graças aos gritos desesperados do motorista, moradores da região acionaram os bombeiros na manhã seguinte. O homem foi encontrado ilhado em uma área de lixo no meio do rio, com hipotermia severa, mas sem fraturas graves.
“Ele sobreviveu por um milagre. Se tivesse caído diretamente na água ou em um local de pedras, poderia ter morrido instantaneamente”, relatou o sargento Sérgio, que liderou o resgate.

A investigação e a operação
A Polícia Civil abriu inquérito imediatamente e deflagrou uma operação no bairro Sítio Cercado para prender os suspeitos. Entre os investigados estavam dois adolescentes, cujas identidades são mantidas em sigilo, e dois adultos: Pablo Amorim da Silva e Renan Covalski Martins Lima.
Os suspeitos foram apontados por tentativa de latrocínio, extorsão e corrupção de menores. Câmeras de segurança registraram os criminosos circulando com o carro da vítima e tentando realizar compras com os cartões roubados.
Justiça libera suspeitos: indignação generalizada
No sábado (28), a Justiça autorizou a liberdade provisória dos suspeitos adultos por 90 dias, mediante monitoramento por tornozeleira eletrônica. A defesa alegou que os réus colaboraram com as investigações, entregaram a arma do crime e forneceram informações essenciais para a conclusão do inquérito.

“A Justiça entendeu que, diante da colaboração e por não serem os únicos autores, eles poderiam responder em liberdade. Confiamos que os fatos serão devidamente esclarecidos no processo”, afirmou a advogada de defesa Dany Mulinari.
No entanto, a decisão foi recebida com perplexidade por autoridades e moradores.
“Trata-se de um crime hediondo. Eles tentaram matar um trabalhador honesto, jogando-o no rio e atirando contra ele. Esse tipo de violência não pode ser tratado com tamanha benevolência judicial”, afirmou um policial envolvido no caso.

Repercussão na sociedade
Moradores e familiares da vítima protestaram contra a decisão judicial. “Estamos indignados. Como é possível que, depois de tudo o que aconteceu, esses criminosos estejam soltos? O medo agora é que eles voltem a atacar outras pessoas”, disse um morador do bairro Ganchinho.
O cunhado da vítima desabafou: “Nós passamos a noite inteira em desespero. Encontramos o carro destruído, achávamos que ele estava morto. Saber que ele sobreviveu foi um alívio, mas agora ver esses criminosos livres é revoltante.”

O caso continua aberto
A Polícia Civil segue investigando os detalhes do crime e a possível participação de outras pessoas. Os dois adolescentes envolvidos no caso permanecem sob medida socioeducativa, e outros suspeitos ainda são procurados.
A expectativa é que novas fases da operação sejam deflagradas para identificar se a quadrilha está envolvida em outros roubos violentos na região.
A população segue clamando por justiça e por respostas mais firmes contra crimes de extrema violência. A sensação de impunidade e insegurança permanece no ar.