Jovem morre em grave acidente de trabalho durante descontaminação de tanque em Araucária

Funcionário desmaiou dentro de tanque e não resistiu após duas horas de tentativas de reanimação

Por Marcello Sampaio – Tribuna da Cidade
Com informações da Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros de Araucária

Um trágico acidente de trabalho chocou moradores de Araucária na manhã deste sábado (26). Um jovem de 24 anos, identificado como Geizon Atilas Ferreira da Silva, morreu enquanto realizava um serviço de descontaminação em um caminhão-tanque no pátio da empresa Quality, localizada no bairro Thomaz Coelho. A empresa é especializada em manutenção e limpeza de tanques industriais e veículos de transporte químico.

De acordo com informações repassadas pela Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros de Araucária, o acidente aconteceu por volta das 10h da manhã. Geizon entrou no tanque para realizar o procedimento de limpeza interna e, minutos depois, desmaiou. Um segundo funcionário, ao perceber que o colega estava desacordado, entrou no compartimento para socorrê-lo, mas também perdeu a consciência quase imediatamente.

Ambos foram retirados do tanque por outros trabalhadores, antes mesmo da chegada das equipes de resgate. Quando os socorristas chegaram ao local, Geizon já estava inconsciente, com sinais vitais extremamente debilitados. Segundo os bombeiros, os profissionais realizaram manobras intensivas de reanimação cardiopulmonar, uso de oxigênio e administração de medicamentos por cerca de duas horas, mas não houve sucesso.

A morte do jovem foi confirmada no local por uma equipe médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Falta de oxigênio e suspeita de gás tóxico

A principal suspeita é que os trabalhadores tenham inalado gases tóxicos acumulados dentro do tanque, possivelmente hidrocarbonetos ou vapores residuais, comuns nesse tipo de operação. A inexistência de ventilação adequada e a ausência ou falha no uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) podem ter contribuído para a tragédia, segundo apuração inicial dos bombeiros.

“Esse tipo de operação exige, obrigatoriamente, o uso de máscaras com respiradores específicos, além de monitoramento do ar interno com detectores de gás. A simples entrada em espaço confinado sem essa checagem pode ser fatal”, explicou um sargento do Corpo de Bombeiros que participou da ocorrência.

O segundo trabalhador que entrou para tentar salvar Geizon recuperou a consciência ainda no local. Mesmo sendo orientado a procurar atendimento médico, ele recusou o transporte até o hospital e deixou o local por meios próprios.

Testemunhas relatam desespero

Colegas de trabalho relataram cenas de desespero e correria. Segundo uma testemunha que preferiu não ser identificada, o ambiente ficou tomado por tensão e muitos funcionários tentaram ajudar, mesmo sem os equipamentos adequados:

“A gente viu ele entrar, como em outros dias. Quando perceberam que ele não respondia, foi um corre-corre. O outro rapaz foi tentar ajudar, mas desmaiou também. Foi horrível.”

Outro funcionário afirmou que os EPIs estavam disponíveis, mas não foi possível confirmar se Geizon os utilizava no momento da entrada:

“Aqui tem equipamento, mas às vezes a pressa ou o costume acaba falando mais alto. A gente fica muito abalado com isso.”

Investigação será conduzida pela Polícia Civil e Ministério do Trabalho

A Polícia Científica foi acionada para realizar a perícia técnica no local, que foi isolado após a confirmação do óbito. A Polícia Civil de Araucária vai instaurar inquérito para investigar as circunstâncias da morte. A empresa Quality poderá ser notificada e responsabilizada caso sejam constatadas falhas nos protocolos de segurança do trabalho.

O caso também será acompanhado pela Superintendência Regional do Trabalho no Paraná, que deverá abrir procedimento para verificar possíveis infrações às normas regulamentadoras (NRs), especialmente as relacionadas a trabalho em espaços confinados (NR-33) e segurança em atividades de limpeza e manutenção.

Luto e comoção

A morte de Geizon comoveu colegas, familiares e a comunidade local. Ele era considerado um trabalhador dedicado e querido pela equipe.

“Era um menino batalhador, fazia de tudo pelo trabalho. Uma perda muito grande”, disse um amigo próximo.

Até o momento, a empresa Quality não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido.

Fique atento:

Trabalhos em tanques ou espaços confinados exigem treinamento especializado, uso obrigatório de EPIs e protocolos rígidos de segurança. Acidentes como esse são evitáveis com fiscalização e responsabilidade.

Créditos:
Reportagem: Marcello Sampaio – jornalista investigativo e fundador do Grupo GVPCom
Fonte: Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros de Araucária

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