População em Situação de Rua em Curitiba Atinge Mais de 4 Mil Pessoas, Revela Estudo Nacional

Por Marcello Sampaio | Colaboração Agência de Notícias Brasil

Curitiba – A capital paranaense figura como a nona cidade brasileira com maior número de pessoas em situação de rua. Segundo levantamento divulgado em 14 de abril de 2025 pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Curitiba registrou 4.209 moradores de rua no mês de março.

O estudo foi baseado em dados do Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, revelando um cenário preocupante que desafia o poder público, entidades sociais e a sociedade civil.

Números em Destaque

O crescimento no número de pessoas sem moradia em Curitiba acompanha uma tendência observada em várias capitais brasileiras, impulsionada por fatores como desemprego, crise habitacional, dependência química e rupturas familiares.

  • Total nacional estimado: Mais de 281 mil pessoas em situação de rua;
  • Curitiba: 4.209 pessoas registradas até março de 2025;
  • Ranking nacional: 9ª capital com mais moradores de rua;
  • Crescimento em relação a 2020: cerca de 60% de aumento.

Depoimentos Diretos das Ruas

José Marinho, comerciante no bairro Rebouças:

“Tenho visto mais gente dormindo perto da estação-tubo. Alguns pedem comida, outros só querem ficar quietos. A situação é difícil.”

Maria das Graças, moradora da Praça Rui Barbosa:

“É triste. Tem famílias com crianças. Acho que falta uma política mais firme. Só varrer a praça não resolve.”

Leandro F., morador em situação de rua há 2 anos:

“Fiquei sem emprego na pandemia e não consegui voltar. Dormir na rua é o último recurso. Não é escolha. É abandono.”

O Que Dizem as Entidades Sociais

A Pastoral do Povo de Rua, uma das entidades que atuam diariamente com essa população, afirma que os abrigos públicos não atendem toda a demanda e que há dificuldades no encaminhamento para políticas de saúde e moradia:

“Há um déficit crônico de políticas públicas integradas. É preciso enxergar essas pessoas como cidadãos e garantir acesso contínuo a atendimento médico, psicológico e habitacional”, diz a coordenadora Irmã Tereza Machado.

Já a Associação Moradia Primeiro defende o modelo de “housing first”, com aluguel subsidiado e suporte social intensivo como forma eficaz de tirar pessoas da rua de forma permanente.

O Que Diz a Prefeitura

A Prefeitura de Curitiba informa que ampliou o número de vagas nos abrigos e centros de acolhimento, especialmente nos meses de inverno, e que oferece encaminhamento para serviços de saúde, assistência social e retorno à família. Contudo, especialistas apontam que muitas pessoas em situação de rua recusam o acolhimento por conta de regras rígidas, superlotação e falta de suporte psicológico.

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Desafios e Caminhos Possíveis

Os especialistas indicam que uma política eficaz precisa incluir:

  • Criação de moradias temporárias e definitivas com apoio social;
  • Qualificação profissional e oportunidades reais de inserção no mercado de trabalho;
  • Atendimento multidisciplinar contínuo e humanizado;
  • Envolvimento da iniciativa privada e ONGs em parcerias sociais.

Conclusão

Curitiba enfrenta um desafio crescente com a expansão da população em situação de rua. O número de 4.209 pessoas vivendo nas ruas não é apenas uma estatística: representa milhares de histórias de abandono, invisibilidade e resistência. A capital paranaense precisa avançar em soluções estruturantes, humanas e coordenadas, para enfrentar um dos problemas sociais mais sensíveis da atualidade.

Reportagem de Marcello Sampaio | Coluna Política em Pauta | Com colaboração da Agência de Notícias Brasil

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