Por Marcello Sampaio – Coluna Plantão Policial | Jornal Tribuna da Cidade
Um fisioterapeuta de 38 anos foi preso em flagrante nesta segunda-feira (7), no Centro de Curitiba, acusado de uma série de crimes que vão desde falsificação de medicamentos e venda de produtos impróprios para consumo até o exercício ilegal da medicina. A prisão, realizada pela Polícia Civil do Paraná (PCPR) com apoio da Vigilância Sanitária Municipal, só foi divulgada na manhã desta quarta-feira (9).
Segundo a delegada Aline Manzatto, da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Saúde, o suspeito se apresentava como especialista em estética íntima e harmonização genital, apesar de não ter formação médica. Ele atendia pacientes em um estabelecimento que se passava por clínica de fisioterapia pélvica e oferecia procedimentos invasivos proibidos para a sua área de atuação.
Durante a operação, os fiscais e policiais encontraram diversas irregularidades graves. Entre elas, o armazenamento de toxina botulínica (botox) sem refrigeração adequada, produtos sem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como cânulas, anestésicos e ácido hialurônico, além de materiais vencidos e frascos sem identificação. Todo esse material era armazenado de forma precária, inclusive transportado em mochilas, e o lixo hospitalar era descartado no lixo comum.
O local foi imediatamente interditado pela Vigilância Sanitária, que classificou o ambiente como de “risco sanitário elevado”.
Denúncia partiu de paciente vítima de necrose
A investigação teve início após um paciente registrar boletim de ocorrência relatando uma grave reação adversa a um dos procedimentos realizados pelo fisioterapeuta. O homem sofreu necrose em uma área íntima depois de uma aplicação de ácido hialurônico para fins estéticos. “Fiz o procedimento confiando no que ele postava. No outro dia, senti dor, inchaço e, em seguida, a pele começou a escurecer. Procurei um médico de verdade e fui informado que poderia ter perdido o órgão se não tivesse procurado ajuda a tempo”, contou a vítima, que preferiu não se identificar.
Outras pessoas também se manifestaram após a divulgação do caso. “Fiz um preenchimento com ele, e depois percebi deformações na região. Não tinha ideia de que ele não era médico”, relatou uma paciente de São Paulo.
Atuação em várias cidades e presença nas redes sociais
O fisioterapeuta, que não teve o nome divulgado pelas autoridades, atuava além de Curitiba, em cidades como Balneário Camboriú (SC), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Campinas (SP). Ele mantinha perfis ativos nas redes sociais com mais de 10 mil seguidores, além de grupos em aplicativos de mensagens com outros 2 mil contatos. Nesses canais, publicava imagens e vídeos de procedimentos íntimos, gerando grande repercussão, principalmente entre o público masculino.
A delegada Aline Manzatto informou que o suspeito será indiciado por pelo menos quatro crimes: falsificação de medicamento, crime contra a saúde pública, exercício ilegal da medicina e venda de produto impróprio para consumo. Se condenado por todos, poderá cumprir até 22 anos de prisão.
“Estamos falando de um caso gravíssimo de falsidade ideológica e risco à saúde da população. Esse tipo de prática ilegal não apenas engana o consumidor, mas coloca vidas em risco”, reforçou a delegada.
O homem foi encaminhado ao sistema penitenciário e permanece à disposição da Justiça. A PCPR continuará apurando se há mais vítimas e convida outras pessoas que tenham realizado procedimentos com o suspeito a procurarem a delegacia.
Reportagem: Marcello Sampaio – Coluna Plantão Policial | Jornal Tribuna da Cidade