Rafael Greca ainda pauta Curitiba e é alvo de ataques frágeis na Câmara

Coluna Política em Pauta | Tribuna da Cidade
Por Marcello Sampaio

Mesmo após deixar o comando da Prefeitura de Curitiba, o ex-prefeito Rafael Greca (PSD) continua sendo figura central na política da capital. Dono de um legado reconhecido em áreas como mobilidade urbana, revitalização do centro histórico e investimentos em cultura e inovação, Greca é visto como uma referência para a gestão pública moderna. No entanto, sua influência ainda incomoda alguns setores da Câmara Municipal.

Nos últimos dias, vereadores aliados do ex-prefeito tentaram enquadrar os parlamentares João Bettega (União Brasil) e Guilherme Kilter (Novo) por declarações críticas ao ex-mandatário durante sessões plenárias. Além deles, a vereadora Professora Angela (Psol) também foi alvo de denúncia formal por suposto antissemitismo em um pronunciamento polêmico.

A representação foi apresentada pelo corregedor da Casa, Sidnei Toaldo (PRD), e agora será analisada pela Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, que deverá decidir se há elementos suficientes para instauração de um processo disciplinar contra os três vereadores.

Críticas ou perseguição?

Segundo levantamento da coluna Política em Pauta, as declarações de Bettega e Kilter — embora contundentes — não configuram, para a maioria dos analistas políticos e da população, nenhuma infração grave à ética parlamentar. Trata-se, ao que tudo indica, do direito legítimo de exercer a crítica política, garantido pela imunidade parlamentar.

Já o caso da vereadora Angela é mais complexo: ela enfrenta forte pressão popular após declarações que foram consideradas ofensivas à comunidade judaica. O episódio gerou reações de diversas entidades e lideranças religiosas e sociais, o que deve pesar no debate da Comissão.

Greca: legado de gestão e protagonismo cultural

A tentativa de transformar críticas políticas em casos éticos esbarra em outro ponto importante: a robustez do legado de Rafael Greca. Prefeito por três mandatos, Greca foi responsável por:

  • Revitalizar e modernizar a Rua XV de Novembro, transformando-a novamente em referência nacional de urbanismo humanizado;

  • Ampliar os investimentos em mobilidade sustentável, com novas linhas de transporte, modernização do Inter 2 e ciclovias integradas;

  • Valorizar o patrimônio histórico e cultural, com apoio decisivo a espaços como o Teatro Paiol, Museu de Arte Sacra e Memorial Paranista;

  • Criar programas de auxílio durante a pandemia, como o “Comida Boa” e os auxílios emergenciais via FAS;

  • E reforçar a identidade curitibana com ações de urbanismo tático e eventos que resgataram o orgulho da cidade.

Apesar das críticas recentes sobre patrocínio da Fundação Cultural de Curitiba a eventos com apelo performático, como ações de “corpo em praça pública”, a gestão Greca foi elogiada por democratizar o acesso à arte, inclusive nos bairros periféricos.

“Rafael Greca deixou uma marca sólida. Curitiba cresceu com planejamento e humanismo. Ainda há ruídos, mas sua obra fala por si”, destaca um aliado próximo ouvido pela Tribuna da Cidade.

Desfecho previsível

A tendência, segundo fontes internas da Câmara ouvidas pela reportagem, é de que nenhum dos três vereadores seja punido com cassação. A composição atual da Comissão de Ética não demonstra disposição para endurecer contra críticas ou discursos políticos, salvo em casos extremos de preconceito — como pode vir a ser considerado o caso envolvendo a vereadora Angela.

Conclusão: O episódio mostra como o nome de Rafael Greca ainda mobiliza paixões, apoios e desafetos no cenário político local. A Câmara segue sendo palco de disputas narrativas, enquanto a cidade se reconstrói sob nova administração — que, inclusive, ainda carrega muito da estrutura herdada da gestão Greca.

Continue acompanhando a movimentação política na capital pela coluna Política em Pauta, com o jornalista Marcello Sampaio, no Jornal e Portal Tribuna da Cidade.

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