Quem frequenta a noite de Curitiba certamente já ouviu falar de Ieda Godoy. Dona de uma trajetória marcada pela paixão pela cultura, pela música e pelos bares, ela é um dos nomes mais influentes da cena boêmia da cidade. Desde 1991, Ieda coleciona histórias, amigos e empreendimentos que fizeram parte da vida de muitos curitibanos.
O início de uma jornada
Natural de Prudentópolis, no Centro-Sul do Paraná, Ieda chegou a Curitiba aos 18 anos para estudar. Passou pelo curso de Jornalismo, depois por Pedagogia e, por fim, se encontrou nas Artes Cênicas. Mas foi no mundo dos bares que encontrou sua verdadeira vocação.
Em 1991, abriu seu primeiro bar, o icônico Poeta Maldito, um ponto de encontro de músicos, artistas e intelectuais. O espaço durou pouco, mas abriu caminho para outros estabelecimentos que marcaram época. Em seguida, veio o Dolores Nervosa, um dos bares mais lembrados dos anos 90. Mais tarde, Ieda inaugurou o Dromedário, um espaço mais refinado que acompanhou a evolução do público fiel.
A trajetória nos bares
O trabalho duro sempre fez parte da rotina de Ieda. Durante o período do Dolores Nervosa, ela conciliava o bar com um emprego em uma videolocadora, fazendo tudo a pé – inclusive durante a gravidez de seus dois filhos. Nos anos 2000, decidiu se afastar um pouco da noite para se dedicar à família, mas a vontade de criar novos espaços sempre falou mais alto.
Assim nasceram o Wonka e o Café Mafalda, dois locais icônicos que até hoje fazem parte da cena cultural curitibana. O Wonka, conhecido por sua programação diversificada de shows e festas, celebrou três anos de reabertura recentemente com um cortejo no Largo da Ordem. Já o Café Mafalda é um ponto de encontro de universitários e pessoas que prezam por um ambiente mais alternativo e aconchegante.
Resistência e superação
A vida empreendedora nunca foi fácil, e Ieda enfrentou desafios que testaram sua resiliência. Durante a pandemia, precisou se reinventar para manter o Café Mafalda funcionando, fazendo entregas pessoalmente. Quando tudo parecia melhorar, um roubo devastou o local. Amigos e clientes se mobilizaram para ajudar na reconstrução, mostrando o impacto que Ieda tem na vida de tantas pessoas.
Pouco tempo depois, um incêndio destruiu o espaço. Mais uma vez, a comunidade se uniu para reconstruí-lo. Para Ieda, esses momentos difíceis mostraram que a sua história vai além dos bares: trata-se de criar conexões reais e cultivar amizades.
O futuro da rainha da noite curitibana
Ieda sempre encarou a vida com coragem e autenticidade. Aos 58 anos, ela já pensa no futuro. “Quero levar essa vida até os 60. Depois, quem sabe? Quero pegar mais leve, mas também quero continuar a espalhar felicidade”, diz.
Seja no Wonka, no Café Mafalda ou em qualquer outro projeto que ainda venha a criar, uma coisa é certa: Ieda Godoy já deixou sua marca na história de Curitiba. Sua trajetória é prova de que os bares não são apenas lugares para beber, mas sim espaços de cultura, troca e resistência.