
setembro de 2025 – O Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, em decisão que também atingiu generais, ministros, parlamentares e empresários aliados. A medida, considerada histórica, redefine o jogo político e gera ondas de choque que ecoam do Congresso às ruas.
O julgamento não apenas sepulta a carreira política de Bolsonaro como impõe o desafio de reorganizar toda a direita e parte do centro político, agora em busca de novos líderes para a sucessão presidencial de 2026.

LINHA DO TEMPO DO PROCESSO
- 2023 – Início das investigações após os atos de 8 de janeiro.
- 2024 – Primeiras denúncias formais contra Bolsonaro e ministros.
- Início de 2025 – Julgamentos individuais de militares, deputados e financiadores.
- Setembro de 2025 – STF conclui julgamento e condena Bolsonaro e aliados.
QUEM ESTÁ FORA E QUEM PODE ENTRAR
Com Bolsonaro inelegível e preso, o bolsonarismo busca sobrevivência em novos nomes. O cenário de 2026 ganha múltiplos protagonistas:
- Ratinho Júnior (PSD) – governador do Paraná, visto como gestor pragmático e opção de centro-direita.
- Tarcísio de Freitas (Republicanos) – governador de SP, herdeiro natural do eleitorado bolsonarista.
- Sergio Moro (União Brasil) – agora presidente estadual do partido, pode assumir protagonismo como ex-juiz da Lava Jato.
- Romeu Zema (Novo) – governador de MG, aposta liberal com discurso de eficiência administrativa.
- Ricardo Barros (PP) – líder experiente, com forte articulação no Congresso e base sólida.
- Simone Tebet (MDB) – nome consolidado no centro, fortalecida pelo governo Lula.
- Eduardo Leite (PSD) – aposta tucana para recuperar protagonismo.
- Cabo Daciolo (sem partido) – discurso messiânico e populista, com apelo a segmentos religiosos.
- Silas Malafaia (sem partido) – pastor e líder evangélico, cotado como possível candidato outsider com apoio religioso.

GUIA DOS POSSÍVEIS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA EM 2026
RATINHO JÚNIOR (PSD)
- Governador do Paraná.
- Perfil: gestor pragmático, conciliador, com trânsito entre agronegócio, empresários e centro político.
- Pontos fortes: imagem de modernidade e administração eficiente.
- Desafio: sair da sombra regional e conquistar projeção nacional.
TARCÍSIO DE FREITAS (Republicanos)
- Governador de São Paulo.
- Perfil: herdeiro natural do bolsonarismo, técnico e disciplinado.
- Pontos fortes: gestão em SP e apoio evangélico.
- Desafio: se desvincular da figura de Bolsonaro e construir autonomia política.
SERGIO MORO (União Brasil)
- Senador pelo Paraná e ex-ministro da Justiça.
- Perfil: símbolo da Lava Jato, visto como “paladino da Justiça”.
- Pontos fortes: imagem anticorrupção e discurso de ética.
- Desafio: alta rejeição em setores populares e fragilidade política interna.
ROMEU ZEMA (Novo)
- Governador de Minas Gerais.
- Perfil: gestor liberal, focado em eficiência administrativa.
- Pontos fortes: boa gestão reconhecida em Minas e discurso empresarial.
- Desafio: pouca projeção nacional e partido pequeno.
RICARDO BARROS (PP)
- Deputado federal e líder do PP.
- Perfil: articulador político experiente, com grande influência em Brasília.
- Pontos fortes: base sólida no Congresso e articulação partidária.
- Desafio: transformar influência parlamentar em apelo popular.
SIMONE TEBET (MDB)
- Ministra do Planejamento e ex-candidata à presidência em 2022.
- Perfil: moderada, técnica, com forte discurso de centro.
- Pontos fortes: apoio empresarial e institucional.
- Desafio: conquistar a base popular e romper a polarização.
EDUARDO LEITE (PSDB)
- Governador do Rio Grande do Sul.
- Perfil: jovem liderança tucana, aposta na renovação liberal.
- Pontos fortes: imagem de modernidade e preparo técnico.
- Desafio: superar a crise de identidade do PSDB.
CABO DACIOLO (sem partido)
- Ex-deputado federal.
- Perfil: figura messiânica e populista, com apelo religioso.
- Pontos fortes: forte conexão com parte do eleitorado evangélico e popular.
- Desafio: transformar carisma em viabilidade eleitoral real.
SILAS MALAFAIA (sem partido)
- Pastor e líder evangélico.
- Perfil: polêmico, carismático e com forte presença midiática.
- Pontos fortes: influência no eleitorado evangélico.
- Desafio: falta de experiência administrativa e rejeição alta em setores urbanos.
FERNANDO HADDAD (PT)
- Ministro da Fazenda e ex-prefeito de São Paulo.
- Perfil: aposta do PT para continuidade do lulismo.
- Pontos fortes: apoio do partido e de Lula.
- Desafio: imagem de “candidato derrotado” em eleições anteriores.
Resumo do Cenário:
A disputa será pulverizada e marcada por uma mistura de nomes tradicionais, gestores estaduais, outsiders religiosos e figuras com forte articulação em Brasília. O vácuo deixado por Bolsonaro pode gerar uma eleição de múltiplos protagonistas, com alianças inesperadas e forte apelo popular.

REAÇÕES POLÍTICAS
A favor da condenação:
- Senador Renan Calheiros (MDB): “A Justiça mostrou que ninguém está acima da lei. O Brasil precisava dessa resposta.”
- Deputada Tabata Amaral (PSB): “É um passo fundamental para restaurar a confiança nas instituições.”
Contra a condenação:
- Deputado Nikolas Ferreira (PL): “Isso é perseguição política. Não aceitamos que a vontade de milhões de brasileiros seja criminalizada.”
- Senador Magno Malta (PL): “A democracia morreu quando prenderam um ex-presidente por divergências ideológicas.”
REAÇÃO DO EMPRESARIADO
A favor:
- Luiz Carlos Trabuco (Bradesco): “A estabilidade institucional é essencial para os investimentos. O STF agiu corretamente.”
- Abílio Diniz (empresário): “O Brasil precisa de ordem para crescer. O julgamento é simbólico.”
Contra:
- Luciano Hang (Havan): “Isso é um ataque ao povo. Estão tentando criminalizar quem pensa diferente.”
- Flávio Rocha (Riachuelo): “O mercado não suporta tanta insegurança jurídica. Estamos matando a democracia em nome de conveniências políticas.”

A VOZ DAS RUAS
A favor:
- Maria de Lourdes, 58, professora: “Finalmente ele pagou pelo que fez. O Brasil precisa virar essa página.”
- João Ricardo, 32, médico: “A lei é para todos. Isso fortalece a democracia.”
Contra:
- Carlos, 44, motorista de aplicativo: “É uma vergonha. Vão prender todo mundo que não concorda com eles?”
- Patrícia, 27, comerciante: “O povo queria Bolsonaro. Estão roubando nossa escolha.”
OS NOVOS RUMOS
Com Bolsonaro fora do jogo, a disputa presidencial de 2026 será marcada por fragmentação da direita e tentativa de consolidação do centro. O PT aposta em Haddad, o MDB em Simone Tebet, e o PSDB busca se reerguer com Eduardo Leite. Já no campo conservador, Ratinho Júnior, Tarcísio, Moro e Zema emergem como protagonistas.
No meio disso, outsiders como Daciolo e Malafaia podem capturar votos de insatisfação popular, enquanto nomes tradicionais como Ricardo Barros costuram articulações de bastidores.

UM BRASIL ENTRE A JUSTIÇA E A REVOLTA
A condenação de Bolsonaro é o divisor de águas da política nacional. Para muitos, é o triunfo da Justiça sobre o autoritarismo. Para outros, é o símbolo máximo da perseguição política e da destruição da democracia.
A verdade é que o Brasil entrou em um território desconhecido. A ausência de Bolsonaro não elimina o bolsonarismo, mas o torna órfão de liderança. Esse vácuo abre espaço para figuras que vão do pragmatismo de Ratinho Júnior à mística messiânica de Cabo Daciolo, passando pela austeridade de Moro e pelo poder de articulação de Ricardo Barros.
O povo está dividido, mas uma coisa é certa: a eleição de 2026 será a mais radical e imprevisível da história recente. As ruas gritam por justiça, mas também por liberdade. E no meio dessa batalha, o que está em jogo não é apenas quem ocupará o Planalto, mas qual será o destino da própria democracia brasileira.
Marcello Sampaio – Jornalista e especialista em política
