Guarda Municipal de Araucária estaria em “operação tartaruga” por reivindicações salariais, aponta levantamento

Por Marcello Sampaio – Tribuna da Cidade

Ao longo das últimas semanas, a Guarda Municipal (GM) de Araucária tem sido alvo de denúncias de que estaria postergando o atendimento de ocorrências classificadas como de menor gravidade, numa possível estratégia de pressão contra a administração municipal. Segundo apurado pela equipe do Jornal Tribuna da Cidade, liderada pelo jornalista Marcello Sampaio, os guardas estariam promovendo uma espécie de “operação tartaruga”, embora não haja qualquer movimento oficial ou greve deflagrada pelo sindicato que representa a categoria, o SIFAR.

Fontes internas ouvidas pela reportagem afirmam que a morosidade nos atendimentos seria uma reação silenciosa à falta de avanço em pautas salariais, como o aumento do salário-base e a concessão de novas gratificações. Embora a Secretaria Municipal de Segurança Pública (SMSA) não tenha confirmado alterações nos protocolos de atendimento, os relatos são consistentes e vêm se intensificando.

Salários em análise

Segundo levantamento feito com base nos dados do Portal da Transparência do Município, nenhum guarda municipal recebeu menos de R$ 5 mil brutos no mês de fevereiro de 2025. Ainda de acordo com os registros, os rendimentos mensais brutos variaram entre R$ 5.226,39 e R$ 17.995,97.

Confira o panorama salarial da GM de Araucária em fevereiro:

  • 112 guardas receberam salários na faixa de R$ 5 mil

  • 10 guardas: na casa dos R$ 6 mil

  • 14 guardas: R$ 7 mil

  • 25 guardas: R$ 8 mil

  • 26 guardas: R$ 9 mil

  • 19 guardas: R$ 10 mil

  • 19 guardas: R$ 11 mil

  • 12 guardas: R$ 12 mil

  • 16 guardas: R$ 13 mil

  • 12 guardas: R$ 14 mil

  • 2 guardas: R$ 15 mil

  • 1 guarda: R$ 16 mil

  • 5 guardas: acima de R$ 17 mil

Todos esses dados são públicos e podem ser acessados por qualquer cidadão no Portal da Transparência da Prefeitura.

Efeito do desvio de efetivo

Guardas ouvidos pela reportagem revelaram ainda que a diminuição no número de agentes nas ruas contribui para a demora nos atendimentos. Embora o efetivo total da GM seja de aproximadamente 300 agentes, apenas cerca de 120 estariam atuando efetivamente no serviço operacional, aquele que atende as ocorrências nas ruas.

Os demais estariam desempenhando outras funções, como:

  • Formação da banda musical da corporação

  • Refôrço da equipe de proteção à mulher (Maria da Penha)

  • Serviços administrativos

  • Atendimento telefônico às chamadas de ocorrência

Essa redistribuição, de acordo com os servidores, sobrecarrega as equipes de rua, dificultando o atendimento ágil de situações de menor urgência.

Legalidade questionada

Como não há movimento grevista oficial ou reivindicação protocolada via sindicato, qualquer retardo proposital no atendimento configuraria infração funcional, podendo levar a processos administrativos disciplinares. Até o momento, porém, nenhuma punição ou sindicância foi anunciada pela Prefeitura.

A resposta da administração

Procurada, a Secretaria Municipal de Segurança Pública não confirmou a existência da operação tartaruga, tampouco admitiu mudança na rotina de atendimento. A Prefeitura de Araucária, por sua vez, informou que acompanha de perto a atuação da GM e que está aberta ao diálogo, mas ressaltou que não há negociação específica em curso para reajustes salariais da categoria.

O Tribuna da Cidade seguirá acompanhando os desdobramentos do caso e novas informações poderão ser divulgadas nos próximos dias. O jornalista Marcello Sampaio continua investigando possíveis irregularidades na gestão de pessoal da Guarda Municipal e em outros setores da Prefeitura de Araucária.

LinkedIn
Facebook
X
WhatsApp

Você também pode gostar: