Por Redação Tribuna da Cidade
Levantamentos: Marcello Sampaio | Coluna Sustentabilidade
A Estação Ecológica Teresa Urban, no Alto Boqueirão, em Curitiba, tornou-se o centro de uma importante iniciativa científica e ambiental. Última área pública da cidade com vegetação nativa de campos naturais, o espaço abriga agora pesquisas sobre a gabiroba do campo — uma fruta pouco conhecida, mas com alto potencial econômico, nutricional e até farmacêutico.
O estudo é conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Embrapa Florestas, com financiamento da Fundação Araucária. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente acompanha o trabalho e garante o apoio institucional e logístico à equipe.
“A ideia é produzir frutos mais resistentes e saborosos para, no futuro, com as sementes, fazermos o reflorestamento de áreas voltadas para a produção comercial, gerando uma nova alternativa de renda para os agricultores”, explica a professora Dagma Kratz, do curso de Engenharia Florestal da UFPR e coordenadora do projeto.
Pesquisa com raízes locais
O projeto começa pelo melhoramento genético das plantas e busca selecionar matrizes que possam servir de base para a formação de pomares em áreas da Região Metropolitana. A proximidade da estação ecológica com o campus da UFPR no Jardim Botânico — cerca de meia hora de distância — facilita o monitoramento constante do desenvolvimento e da frutificação das espécies.
Outro fator estratégico é o suporte da Guarda Municipal e da Administração Regional do Boqueirão, que garantem segurança e apoio aos pesquisadores.
Segundo levantamento do jornalista Marcello Sampaio, a escolha da Estação Teresa Urban também envolveu o engajamento da comunidade local, que tem abraçado a iniciativa como um símbolo de preservação ambiental e valorização da biodiversidade curitibana.
A fruta que pode mudar o campo
A gabiroba do campo é uma árvore de médio a grande porte, com aproximadamente 2 metros de altura na fase adulta. Seus frutos são pequenos, redondos e amarelos, com sabor marcante e aroma suave. Podem ser consumidos in natura, mas também se prestam à produção de sucos, geleias e doces.
Além disso, a fruta chama a atenção por sua composição rica em compostos bioativos e óleos essenciais, despertando o interesse da indústria farmacêutica e de cosméticos.
“Essa é uma oportunidade de unir conservação da natureza com geração de renda, o que é fundamental para que os agricultores enxerguem valor econômico na preservação dos campos naturais”, reforça Kratz.
Patrimônio natural de Curitiba
A Estação Ecológica Teresa Urban é uma das duas áreas protegidas com status de estação ecológica em Curitiba. A outra é a Estação do Cambuí, localizada no bairro Uberaba. Ambas desempenham papel essencial na conservação da flora e da fauna locais, além de servirem como laboratórios vivos para educação e pesquisa ambiental.
O projeto com a gabiroba do campo também se estende a outras regiões do Paraná. Além da capital, há áreas de estudo nos Campos Gerais (Parque Estadual de Vila Velha) e na Mata do Uru, em Lapa.
População engajada
O apoio da população tem sido crucial para o sucesso da pesquisa. Moradores e frequentadores da região têm se mostrado receptivos à presença dos pesquisadores e curiosos sobre o potencial da gabiroba. A conscientização ambiental cresce junto com o projeto, fortalecendo o vínculo entre ciência, natureza e comunidade.
Com esse passo, Curitiba não apenas preserva sua última área de campos naturais urbanos, mas também planta as sementes de um futuro mais sustentável e produtivo.