Por Marcello Sampaio – Coluna Agronegócio | Jornal Tribuna da Cidade
O mercado do boi gordo encerrou a semana com comportamento regionalizado e estabilidade predominante nas principais praças pecuárias do país, conforme relatório da Scot Consultoria, divulgado no informativo “Tem Boi na Linha”. O cenário foi marcado por ofertas comedidas e menor ritmo de negócios, cenário típico do período de entressafra, além da aproximação do final da primeira quinzena de abril.
São Paulo: estabilidade e escalas confortáveis
Nas praças paulistas, o preço do boi gordo manteve-se estável, mesmo com a redução no volume de negociações. Segundo a Scot Consultoria, parte dos frigoríficos operava com escalas de abate preenchidas até o início da próxima semana, o que contribuiu para a manutenção dos valores pagos por arroba. A média das escalas de abate no estado ficou em sete dias úteis, indicando equilíbrio entre oferta e demanda.
“A ausência de pressão de compra pelos frigoríficos reflete o alinhamento momentâneo entre o volume de animais disponíveis e a necessidade de abate. A estabilidade também se deve à resistência dos pecuaristas em negociar abaixo dos patamares atuais”, destaca o boletim.
Bahia: altas pontuais impulsionadas pela demanda
No mercado baiano, o comportamento dos preços foi dividido entre estabilidade nas fêmeas e alta no boi gordo. A oferta de vacas e novilhas foi considerada confortável, o que sustentou os preços nessas categorias. No entanto, o boi gordo registrou valorização:
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Sul da Bahia: +R$ 2,00/@
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Oeste da Bahia: +R$ 3,00/@
As escalas de abate nessas regiões atendem a um período médio de dez dias, o que indica maior margem operacional para os frigoríficos, mesmo com o avanço nos preços.
Minas Gerais: valorização expressiva no Sul do estado
Em Minas Gerais, os preços do boi gordo apresentaram firmeza diante da restrição de oferta, especialmente de animais terminados a pasto. A valorização foi generalizada:
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Região de Belo Horizonte:
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Boi gordo: +R$ 5,00/@
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Vaca e novilha: +R$ 3,00/@
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Sul de Minas:
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Aumento de R$ 10,00/@ para todas as categorias (boi, vaca e novilha)
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As escalas de abate no estado ficaram, em média, em cinco dias úteis, demonstrando maior urgência dos frigoríficos em garantir animais para o curto prazo.
Indicadores e Tendência de Mercado
De acordo com o Indicador Esalq/B3 do Boi Gordo, a cotação média em São Paulo oscilou entre R$ 237 e R$ 240/@ no período, com variações leves ao longo da semana. Os dados refletem a sensibilidade do mercado a fatores como clima, custos de produção e dinâmica de exportações.
Além disso, o setor observa com atenção o comportamento do consumo interno no período pós-Páscoa e o ritmo das exportações para a China e outros destinos estratégicos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou cerca de 164 mil toneladas de carne bovina in natura em março, com leve retração frente ao mês anterior, o que também influencia o posicionamento dos frigoríficos.
Expectativas para Abril
Com o avanço da entressafra e menor disponibilidade de pasto, é esperada uma pressão altista nos preços do boi gordo, sobretudo em regiões onde a reposição é mais lenta. No entanto, o consumo interno e a competitividade com outras proteínas (como frango e suíno) continuam sendo fatores de contenção para movimentos mais agressivos de valorização.
Esta matéria foi elaborada com dados da Scot Consultoria e indicadores de mercado pecuário, com apuração e análise do jornalista Marcello Sampaio, da Coluna Agronegócio do jornal Tribuna da Cidade.