TRIBUNA DA CIDADE – EDITORIAL ECONOMIA
Por Marcello Sampaio | Atualizado em 15 de maio de 2025
O Paraná registrou um crescimento expressivo na renda de sua população em 2024, alcançando o maior valor desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), iniciada em 2012. Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento mensal real domiciliar per capita dos paranaenses teve alta de 14,9% em relação a 2023, atingindo R$ 2.438.
Esse avanço colocou o estado com o terceiro maior crescimento percentual entre todas as unidades da federação, superando amplamente a média nacional, que foi de apenas 4,72% (de R$ 1.929 para R$ 2.020). À frente do Paraná, apenas Pernambuco (+24,1%) e Sergipe (+15%) cresceram mais. No entanto, a renda da população nesses dois estados segue abaixo da média nacional: R$ 1.412 em Pernambuco e R$ 1.436 em Sergipe.
Paraná sobe no ranking nacional de renda
Com a valorização do rendimento, o Paraná subiu uma posição no ranking nacional, ultrapassando o Rio de Janeiro, e agora ocupa a quinta colocação entre os estados com maior rendimento mensal per capita. Veja os líderes:
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Distrito Federal – R$ 3.361
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São Paulo – R$ 2.588
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Santa Catarina – R$ 2.544
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Rio Grande do Sul – R$ 2.532
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Paraná – R$ 2.438
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Rio de Janeiro – R$ 2.422
A diferença entre o Paraná e os estados líderes diminuiu consideravelmente, demonstrando um movimento de recuperação econômica consistente na Região Sul.
Desigualdade de renda volta a crescer no estado
Apesar da boa notícia no aumento do rendimento, o levantamento do IBGE revela um alerta: a desigualdade de renda também cresceu em 2024, após dois anos de queda (2022 e 2023).
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Os 10% mais ricos do Paraná passaram a receber 11,1 vezes mais do que os 40% mais pobres – mesmo patamar de 2021.
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O 1% mais rico recebe 31,3 vezes mais que os 40% com menores rendimentos – o pior índice desde 2018 (31,5).
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O índice de Gini, que mede a concentração de renda, subiu de 0,463 em 2023 para 0,477 em 2024, voltando ao nível registrado em 2019.
O Gini varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade. O Paraná teve o menor Gini da série em 2015 (0,453) e o pior em 2012 (0,483), primeiro ano da pesquisa.
Análise
Especialistas apontam que o crescimento da renda per capita pode estar ligado à retomada da atividade industrial e agroindustrial, ao avanço no mercado de trabalho formal e ao aumento de repasses de programas sociais federais e estaduais. Contudo, o aumento da desigualdade reforça a necessidade de políticas públicas focadas na redistribuição de renda e no combate à pobreza estrutural, para que o crescimento econômico beneficie todas as faixas da população.
Marcello Sampaio
Tribuna da Cidade – Editorial Economia