Por Marcello Sampaio – Polícia em Ação | Tribuna da Cidade
Um dos mentores do violento ataque a um escritório de advocacia em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, é um criminoso já conhecido das autoridades por ter grampeado o então juiz federal Sergio Moro em 2005. A revelação foi feita pelo advogado Cláudio Dalledone Júnior, presidente da Comissão de Defesa e Segurança da Advocacia da OAB Paraná, durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (6).
Segundo Dalledone, outro envolvido no crime seria o chefe de uma organização criminosa internacional, responsável por uma série de ameaças contra a advogada Franciellen Aline Lago da Silva, cujo escritório foi incendiado na madrugada do dia 19 de abril. O caso tem sido tratado como um ataque orquestrado para intimidar profissionais da advocacia que atuam em causas sensíveis, como a defesa de mulheres vítimas de violência.
“Quem organizou e articulou todos esses ataques é um conhecido da crônica policial que já foi condenado por grampear o juiz Sergio Moro. Ele é muito conhecido pelo meio policial e estamos com todas as lentes voltadas para essa organização criminosa”, afirmou Dalledone.
Ataque, investigação e rede criminosa
A destruição do escritório da advogada só começou a ser esclarecida após a atuação direta da OAB. Franciellen relatou que, ao procurar ajuda da polícia sozinha, não obteve retorno efetivo. Mas, com o apoio da Comissão de Defesa das Prerrogativas Profissionais da OAB, o caso avançou rapidamente.
“Sem esse apoio, acredito que nem estaria nesse patamar a investigação. Com a OAB, fui imediatamente atendida”, declarou Franciellen.
A OAB produziu relatórios que foram fundamentais para que a Polícia Civil identificasse seis suspeitos, quatro dos quais já confessaram envolvimento direto no incêndio criminoso. A organização também é investigada por fraudes no uso de tornozeleiras eletrônicas: moradores recebiam para manter os dispositivos funcionando em endereços controlados.
“Tratavam a tornozeleira como um pet: abastecendo, carregando, deslocando”, relatou Dalledone.
Esposa de criminoso também é investigada
Entre os suspeitos está uma advogada que seria esposa de um dos articuladores do crime. Ela também atua como defensora jurídica de outro integrante da organização criminosa. Segundo a OAB, ela está sob investigação por coação, intimidação e participação ativa nas ameaças.
“Ela é esposa de quem articulou toda essa operação criminosa e está sendo investigada também pela Comissão de Segurança da Advocacia”, revelou Dalledone.
Marco na história da OAB
O presidente da OAB Paraná, Luiz Fernando Pereira, classificou o caso como um marco histórico para a entidade, destacando a atuação inédita da comissão em conjunto com as forças policiais.
“Pela primeira vez, uma comissão da OAB contribuiu diretamente com a polícia para que os envolvidos em um crime contra uma advogada fossem identificados e presos. É um marco na defesa do exercício profissional da advocacia”, declarou Pereira.
A motivação do crime, segundo a OAB, foi o fato de Franciellen ter assumido a defesa de uma mulher vítima de violência doméstica. A entidade pediu a conversão das prisões temporárias em preventivas e segue acompanhando o caso de perto.
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