Por Marcello Sampaio | Coluna Política em Pauta
Brasília – O futuro de Marina Silva na Rede Sustentabilidade está por um fio. Após derrotas nas convenções estadual, municipal e nacional do partido, a ministra do Meio Ambiente do governo Lula enfrenta um racha interno com a ala liderada pela ex-senadora Heloísa Helena. A crise se aprofundou com o esvaziamento político de Marina dentro da legenda que ajudou a fundar em 2015, com bandeiras de sustentabilidade e ética na política.
Fontes próximas à ministra indicam que ela aguarda decisões da Justiça sobre ações que questionam a condução das últimas convenções. Caso não haja reversão, sua saída da Rede é considerada inevitável. Parlamentares e militantes ligados a Marina já mantêm conversas com outras legendas, como o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e o PT, partido que Marina integrou até 2009.
O Que Aconteceu
Na mais recente convenção nacional da Rede, Heloísa Helena garantiu o controle do diretório e das decisões estratégicas do partido, com apoio da maioria dos delegados. A ala de Marina Silva contestou a lisura do processo, alegando falta de transparência e exclusão de representantes estaduais.
No Paraná, berço de parte significativa da militância jovem da Rede, apenas um delegado do grupo de Marina foi eleito. O resultado foi um indicativo claro de enfraquecimento político da ministra dentro da sigla.
Depoimentos de Bastidores
Aliado próximo de Marina (anônimo):
“O partido virou refém de disputas pessoais. Marina foi marginalizada. Ela quer justiça, mas o clima é de ruptura.”
Deputado Pedro Ivo Batista (Rede-PA):
“Se Marina sair, vai ser uma perda imensurável. Ela é a fundadora. Mas os erros internos custam caro.”
Heloísa Helena (ala vencedora):
“A Rede não pode ser instrumento de uma pessoa. Somos um coletivo, e as decisões democráticas precisam ser respeitadas. Quem não se adapta, pode buscar outro caminho.”
Líder petista em off:
“Marina está mais próxima do PSB do que do PT. Mas se decidir voltar, as portas estão abertas. Seria um grande reforço.”
Geraldo Alckmin (PSB), em nota:
“Marina tem uma história que ultrapassa partidos. Sempre será bem-vinda no PSB, se essa for sua decisão.”
Linha do Tempo: A Trajetória Política de Marina Silva
1986 – Eleita deputada estadual pelo Acre pelo PT.
1994 – Eleita senadora; ganha projeção nacional pela defesa do meio ambiente.
2003-2008 – Ministra do Meio Ambiente no governo Lula. Sai por discordâncias sobre desenvolvimento e conservação.
2009 – Deixa o PT e vai para o PV.
2010 – Candidata à presidência; surpreende com quase 20 milhões de votos.
2014 – Lança candidatura pelo PSB, após morte de Eduardo Campos.
2015 – Funda a Rede Sustentabilidade.
2018 – Tem queda expressiva de votos ao disputar novamente a presidência.
2022 – Retorna ao governo Lula como ministra do Meio Ambiente.
2025 – Sofre derrotas internas e pode deixar a Rede para viabilizar candidatura à Câmara em 2026.
O Que Vem a Seguir?
A expectativa é que Marina tome uma decisão até o segundo semestre de 2025, considerando o calendário eleitoral. Caso migre para outra legenda, poderá levar consigo parlamentares, quadros técnicos e bases regionais que ainda a apoiam.
A crise expõe a fragilidade de partidos personalistas e como o desgaste de lideranças pode abrir espaço para disputas intensas por poder, mesmo em legendas que se propõem éticas e democráticas. O futuro da Rede, sem sua principal fundadora, é uma incógnita.
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