
Araucária (PR) – A violência doméstica voltou a ser destaque na cidade com dois casos graves registrados pela Guarda Municipal em menos de 24 horas, entre os dias 12 e 13 de setembro. Os episódios revelam um cenário preocupante que vem se repetindo com frequência: mulheres sendo vítimas de agressões dentro do próprio lar, geralmente praticadas por companheiros ou maridos.

Caso 1 – Mulher agredida e ameaçada no Campina da Barra
Na noite de sábado (13), por volta das 23h55, a Guarda Municipal foi acionada para atender uma ocorrência no Condomínio da Rua Lótus, bairro Campina da Barra. O chamado foi feito pelo vigilante do local, que ouviu pedidos de socorro vindos de um apartamento.
Ao chegar, a equipe encontrou Cláudia Daniela Reducino, de 44 anos, caída no chão, com diversas lesões no rosto. Segundo a vítima, ela havia sido agredida pelo companheiro Jeferson Carlos Soares Moraes, de 45 anos, com socos, chutes e tentativa de enforcamento.

Jeferson apresentava sinais de ter usado drogas e álcool pouco antes da briga. Durante a abordagem, resistiu às ordens da equipe e ainda ameaçou a companheira: “Você vai pagar por isso.” Ele acabou contido, algemado e levado à Delegacia de Polícia Civil, após ambos receberem atendimento médico na UPA. Cláudia manifestou desejo de representar criminalmente contra o agressor e solicitou medida protetiva de urgência.
Caso 2 – Agressões e celular quebrado no bairro Estação
Horas antes, ainda no sábado (13), às 19h32, outra ocorrência mobilizou a Guarda Municipal. Stephanie Cecília Delay, de 32 anos, procurou ajuda após ser agredida pelo companheiro Douglas Arlindo Silva de Lima, de 28 anos.
A vítima relatou ter sido agredida com socos e disse que o agressor também quebrou seu celular. Com ferimentos no rosto, ela buscou ajuda diretamente na sede da GM. A equipe localizou Douglas em um comércio próximo à sua casa.

No momento da abordagem, o suspeito negou as agressões e alegou que os ferimentos da companheira seriam consequência de uma queda de moto ocorrida em dias anteriores. Ele acabou conduzido à delegacia, algemado para evitar fuga, onde responderá por violência doméstica.
Indignação e cobrança por mudanças
Esses dois episódios, somados a outros já registrados em Araucária, escancaram a realidade alarmante da violência contra a mulher no município. Apesar da ação rápida da Guarda Municipal, da Polícia Civil e do aparato legal existente, muitas vítimas ainda vivem com medo e sob ameaças constantes.

A contradição que choca a sociedade é a mesma que se repete: no início de relacionamentos, juras de amor, passeios e promessas de cuidado. Mas, após o convívio diário, surgem as agressões físicas e psicológicas, transformando lares em cenários de dor e medo.
Editorial – Até quando?
A violência contra a mulher não pode mais ser encarada como uma estatística ou uma ocorrência corriqueira. Cada caso representa uma vida em risco, uma família destruída e uma falha social grave.
É urgente que a legislação brasileira avance, endurecendo penas para agressores, sobretudo em situações em que há uso de drogas e álcool como catalisadores da violência. Penas exemplares, longas e sem brechas legais, podem ser o caminho para inibir esses atos covardes.

A Guarda Municipal, a Polícia Militar e a Polícia Civil têm cumprido com bravura o papel de proteção, mas sozinhos não conseguirão mudar a realidade. É preciso um choque cultural e legal: tratar a mulher como merece – com respeito, amor e dignidade – e punir de forma severa os que insistem em agir como predadores dentro do próprio lar.
Até quando vamos aceitar que mulheres, mães e futuras geradoras de vidas sejam tratadas como alvos de violência e desrespeito? A resposta precisa ser agora.
Reportagem e editorial de Marcello Sampaio
