Por Marcello Sampaio – Especialista em Política

O jogo político rumo às eleições de 2026 começou mais cedo do que se imaginava. Um movimento articulado nos bastidores do União Brasil colocou o senador Sergio Moro na presidência estadual da sigla no Paraná, substituindo Felipe Francischini. A decisão mexeu diretamente com o tabuleiro político, acendendo o sinal de alerta dentro do Palácio Iguaçu e também na Assembleia Legislativa.
União Brasil em nova fase
Com excelente fundo partidário e bom tempo de rádio e TV, Moro agora se fortalece internamente e se posiciona de forma ainda mais clara como pré-candidato ao Governo do Paraná em 2026. Esse movimento afasta especulações de que o senador precisaria deixar a legenda para não ficar sob a influência de Ricardo Barros e do próprio Francischini.
A composição do diretório estadual do União Brasil será mantida em sua maioria, mas a grande incógnita está em como o Progressistas (PP) vai reagir. O partido já divulgou nota oficial deixando claro que não há consenso sobre quem deve presidir a Federação União Progressista (UP), formada por União Brasil e Progressistas.

Nota oficial do Progressistas Paraná
A Executiva Estadual do Progressistas, após reunião nesta quarta-feira (3), destacou:
– Ainda não há consenso sobre a presidência da Federação União Progressista no Paraná;
– Essa indefinição pode comprometer o registro de candidatura ao Governo do Estado;
– O partido reafirma o compromisso com decisões coletivas, ouvindo todas as lideranças.
Quem manda na Federação?
Na prática, apesar da chegada de Moro ao comando do União Brasil, o Progressistas detém maior força política dentro da Federação, já que possui a maior bancada de deputados federais no Paraná. Isso significa que, em votações internas, o PP tende a impor sua posição, o que pode limitar os movimentos de Moro dentro da estrutura da UP.

O destino de Felipe Francischini
A movimentação também projeta o futuro de Felipe Francischini. Tudo indica que, na janela partidária, ele deixará o União Brasil e migrará para o Solidariedade, presidido por seu pai, o ex-deputado Fernando Francischini. Esse deslocamento abre espaço para Moro se consolidar como liderança no União, mas também pode enfraquecer a coesão interna da legenda.

O futuro de Sergio Moro
O caminho de Moro, porém, não é definitivo. Caso não consiga viabilizar sua candidatura pela Federação União Progressista — cujo nome inclusive pode gerar confusão com a União Popular, partido de extrema esquerda — há quem diga que o senador poderia migrar para o PMB.
Seria um movimento ousado, semelhante ao que fez Rafael Greca em 2016, quando disputou e venceu a Prefeitura de Curitiba por um partido considerado nanico, o antigo PMN. Se Moro repetir a estratégia e conseguir mobilizar sua base de apoiadores e o eleitorado antipetista, pode surpreender e conquistar o Governo do Estado.

O tabuleiro político paranaense está em ebulição. Com o Progressistas controlando a maioria dentro da Federação, Felipe Francischini prestes a deixar o União e Sergio Moro buscando espaço para viabilizar seu projeto, os próximos meses prometem intensas articulações. Uma coisa é certa: se o gosto popular falar mais alto, Sergio Moro entra como um dos nomes mais fortes para 2026.
A movimentação que colocou Sergio Moro na presidência estadual do União Brasil vai muito além de uma simples troca de comando partidário. Trata-se de um sinal claro de que a corrida ao Palácio Iguaçu já começou e que os bastidores da política paranaense estão mais ativos do que nunca.
O avanço de Moro fortalece seu nome como pré-candidato, mas também expõe fragilidades. De um lado, ele conta com um partido robusto, tempo de TV e fundo partidário expressivo. De outro, precisa lidar com as amarras da Federação União Progressista, onde o Progressistas detém a maioria dos votos e tende a ter a palavra final sobre os rumos da candidatura ao governo.

A iminente saída de Felipe Francischini para o Solidariedade é outro elemento que pode redesenhar o mapa político, retirando uma peça importante do União Brasil e reacomodando forças.
O futuro de Moro, portanto, é um enigma: poderá consolidar-se como candidato da Federação ou, em um cenário adverso, buscar caminhos alternativos, até mesmo em legendas menores, como o PMB — repetindo a ousadia de Rafael Greca em 2016, que saiu de um partido nanico para conquistar a Prefeitura de Curitiba.
O que fica claro é que a eleição de 2026 será marcada não apenas por ideologias e projetos, mas pelo peso das articulações partidárias e pelo gosto popular. Se Moro souber unir sua imagem de combate à corrupção e independência política com a esperança de mudança que parte da sociedade ainda projeta nele, poderá transformar fragilidade em oportunidade e chegar ao governo estadual.
Conclusão: O jogo começou, e as primeiras peças já se movem. O tabuleiro é incerto, mas uma coisa é evidente: Sergio Moro está no centro da disputa, e sua próxima jogada pode definir o rumo da política paranaense nos próximos anos.
Marcello Sampaio – Jornalista e especialista em política
