Por Marcello Sampaio – Direto da Redação
Os aplicativos de navegação se tornaram indispensáveis para motoristas no dia a dia. Ferramentas como Waze, Google Maps e Mapas (Apple) ajudam a encontrar rotas mais rápidas, evitam congestionamentos e ainda prometem contribuir para economizar combustível. Além disso, esses apps são amplamente usados para alertar sobre radares e ajudar condutores a manterem a velocidade dentro dos limites, o que, em tese, serviria para evitar multas.
No entanto, um estudo recente revelou que o uso dessas plataformas pode, na verdade, aumentar as chances de um motorista ser multado. Ao contrário do que muitos pensam, confiar cegamente nos alertas de radar pode ser um erro com um custo alto.
Falsa sensação de segurança
O levantamento, realizado na Europa, analisou o comportamento de motoristas que utilizam aplicativos com avisos de fiscalização de velocidade. Os dados surpreendem: 41% dos motoristas que usam esses aplicativos relataram ter recebido pelo menos uma multa por excesso de velocidade no último ano. Em comparação, apenas 19% dos condutores que não utilizaram esses apps foram multados no mesmo período.
A conclusão aponta para um fenômeno psicológico importante: os aplicativos criam uma falsa sensação de segurança. Ao confiar exclusivamente nas notificações sobre radares e blitzes, muitos motoristas tendem a dirigir mais rápido quando não recebem alertas. Essa confiança exagerada faz com que se acredite que a via está livre de fiscalização, o que naturalmente leva a ultrapassar os limites permitidos.
O alerta dos especialistas
De acordo com especialistas em trânsito e segurança viária, o maior problema não é apenas a distração causada pelos aplicativos, mas o comportamento de risco que eles podem estimular. “Quando o motorista começa a depender das notificações para reduzir a velocidade, ele deixa de prestar atenção ao seu próprio controle e à sinalização da via”, explica Michel Ypma, especialista em segurança no trânsito.
Segundo ele, muitos condutores acreditam erroneamente que o aplicativo mapeia todos os radares existentes. Isso os leva a acelerar quando não há alerta visível, criando uma ilusão de que não há fiscalização no trecho. No entanto, em muitos casos, os avisos chegam tarde demais ou não cobrem radares móveis, aumentando as chances de autuação.
O estudo reforça a importância de dirigir com consciência, mantendo a velocidade compatível com as normas de trânsito não apenas para evitar multas, mas principalmente por segurança. “Reduzir a velocidade deve ser uma prática constante, independentemente da presença de radares. O motorista precisa adotar um comportamento seguro por convicção, e não apenas por medo de ser multado”, completa Ypma.
Realidade mundial
Embora a pesquisa tenha sido realizada com motoristas europeus, os resultados podem ser facilmente aplicados a diferentes países, incluindo o Brasil. O padrão de comportamento é global: motoristas se apoiam nos aplicativos para evitar fiscalização, mas acabam relaxando na atenção, o que pode comprometer a segurança e aumentar o risco de infrações.
O uso de ferramentas de navegação, sem dúvida, trouxe avanços significativos para a mobilidade urbana. Porém, os especialistas alertam: esses aplicativos devem ser vistos como suporte, e não como garantia de proteção contra multas. A responsabilidade no trânsito continua sendo, acima de tudo, do próprio condutor.
